sábado, 31 de maio de 2014

A espera


O Brasil já foi um país de analfabetos. E isto não foi nos tempos de Anísio Teixeira que, diga-se, tentou com atitudes e trabalho mudar este estado de coisas; fomos retirados desta condição há pouco tempo. Com as políticas governamentais, que para todos os setores tem sempre a mesma solução que é construir, ergueram-se escolas municipais, estaduais e federais; e as coisas continuam, pois as políticas não mudaram e, de certo ponto, teve-se um resultado, pois o Brasil subiu um posto e hoje somos um país de semi-analfabetos.

Construir prédios não é educação de fato, é tão somente “cata” de votos e de dinheiro para empreiteiros; mas não dá para negar que isto é um fundamento.
Senti na pele, o quanto este estado de coisas na educação, começa a pesar sobre o país ao ver um professor de alto nível dizer que está a caminho de desistir do ensino, e pior que isto, ouvi-o dar um conselho que parece insólito se consideramos que o Brasil está em franco crescimento econômico (ao menos é o que dizem); disse o Dr. algo mais ou menos assim: quem tem menos de trinta anos, ainda tem uma chance, pois ainda pode ir embora do país.

Para completar disse que havia desistido e que estava com medo; disse que quem quiser assistir as aulas dele, pode assistir, mas não dará prova, trabalho e nenhum tipo de avaliação. Ao final do semestre dará a nós, as notas que quisermos. É necessário apenas ir um dia no final do semestre para assinar a frequência.
De fato não conheço os motivos quer levaram este professor a tomar tal atitude, mas não duvido que ele deva ter suas razões. As aulas continuam para quem quiser. Neste dia ele deu a aula com a mesma competência de sempre, mas esta é válida apenas como aprendizado. Mas, será que não é este a verdadeira razão da Educação; da formação em qualquer grau, curso, vida, etc?
Ensinar e aprender; transferência de conhecimento, experiência e tudo o mais: Eis o que de fato a Sociedade deseja; necessita, e com urgência.

Precisamos de prédios; mas, mais que isto, precisamos de educação verdadeira.
Porém, educação não dá votos e nem dinheiro para empreiteiros.
Creio sempre na evolução, tenho de crer nisto, pois não dá para viver em mundo sem expectativas de que tudo será diferente um dia; tenho de crer que um dia viveremos em mundo sem corruptos e hipócritas. Por crer na evolução vejo o degrau acima na educação brasileira, de analfabetos para semi-analfabetos, como um estado de evolução, e nem é ironia de minha parte; enfim, para alguma coisa servem os prédios.

O que sobra de tudo isto é que um degrau sempre leva a outro, portanto, creio que agora estamos prontos para o momento da construção da Educação.
Se não for desta forma, as escolas, que sempre tiveram evasão de alunos, terão evasão de professores. Mas, não é isto que está acontecendo?

(AEM, 2012)