Aqui deixo um pouco de como vejo a vida e a eternidade.
(Postagem em 10/01/14)
Sempre que vejo um fila de formiguinhas no árduo trabalho do instinto, paro e perco-me na mais pura abstração. Fico olhando as criaturinhas a correr como se sobre trilhos. Antes, por pura curiosidade passava alguma coisa, como palito, prego, agulha, sobre o caminho e elas paravam como seu eu houvesse aberto uma cratera em sua rota, ou paravam como se batessem em uma parede; sem ter como prosseguir, voltavam pelo caminho demarcado.
Entro, como em um vazio mental; uma quase terapia.
Mesmo que se condenem milhares de homens, milhões, a Verdade sempre será intocada. Nenhum tribunal do mundo foi e é capaz de revogar Leis Eternas. Bruno foi para a fogueira e suas obras condenadas ao mesmo destino. Deu-se, naqueles dias uma aparente vitória da Eclésia.
Não são muitos os que conseguem realmente vislumbrar os infinitos no tempo e no espaço. Não é lugar comum buscar os fatos e as possibilidades sem uma antevisão que descaracterize o novo, aliás, o eterno, de forma que não deforme pelos conceitos amarrados em velhos pacotes já prontos e mofos. Prontos e feitos por homens com tochas à mão. Mofos por estarem aprisionados em celas filosóficas medievais.
Não é a falta de sombras mórbidas que cala os corações e mentes de hoje, mas a falta de um brilho com ligação mais profunda com o eu interior, ou uma “sombra” que nos siga e fale conosco, e nem precisa ser a que acompanhava Sócrates e o mantinha absorto; ou algo como Charles Dickens* que, dizem, conversava com seus personagens.
E o homem velho não morre e segue a bater cabeça, tentando dar vidas e cores aos instintos, talvez como válvula de escape, sobrepujando a inteligência que tem única serventia: garantir os prazeres momentâneos. Nós, míseras formigas a nos perdemos ante os riscos que os destinos e fados impõem. Eis uma nova fogueira que queima mais lenta que a de Giordano Bruno, que morreu, mas vive.
* Não tenho certeza se era mesmo Dickens que conversava com os personagens; se não for este escritor que o outro me perdoe. Se alguém souber que é me diga.
(Postagem em 01/04/13)
É estranho, mas parece que as pessoas estão cada vez mais transparentes, pois por mais que se tente esconder intenções más atrás de doces palavras a verdade sempre se mostra.
Precisava de um simples gesto para abrir a porta e fugir.
Antevendo sua liberdade pegou a chave olhou-a e pôs-se a relembrar de seus dias vividos até ali.
Suas lembranças trouxeram suas fraquezas, suas solidões e suas dores: sua pena.
Porém, não admitia a culpa própria que causou seu desejo de fugir daquela prisão; ou talvez, fosse este o motivo maior do desejo da fuga insólita: culpas. Culpas e fraquezas.
Olhou fixo para a chave e tomado de infinda desolação, abril a porta e se foi. Tomou sua dose de falsa liberdade.
Atravessou a porta e viu-se livre; encontrara a liberdade plena que buscava. A liberdade era tanta que não mais tinha meios de conter as insuportáveis dores em ebulição por se tornar, após cruzar a porta, um Ser sem máscaras.
(AEM, 2004)
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Em comum aos homens primitivos, Einstein, Descartes, Sócrates; entre os nativos da África ou da América; entre as civilizações antigas e modernas, enfim, em comum a todos os homens e em todas as épocas, há a crença em algo superior, intangível; algo este, que comumente dá-se o nome de Deus.
Diferencia-se a forma da crença, as formas de exteriorização desta crença, mas o fundamento é sempre o mesmo. Irrompe do fundo da mente, do coração, da alma, a certeza de um Ente Maior que vaga no infinito, nos elementos, no íntimo da alma, por vezes confundindo-se com estes. O orgulho e o egoísmo podem sufocar esta intuição que normalmente é quase sempre lúcida e perfeita. A miopia ao Sublime e Superior vem também de nossos desejos sempre imediatistas; sempre a ânsia por respostas concretas, eloqüentes, falazes, que nada dizem à alma. A pseudograndeza humana, esta supremacia aparente é sempre lançada ao pó, e então, faz jorrar após terríveis reveses, mais viva do que nunca, a certeza da nossa pequenez ante o Desconhecido Senhor dos mundos.
(Postagem em 10/01/14)
BRUNO E AS FORMIGAS
Sempre que vejo um fila de formiguinhas no árduo trabalho do instinto, paro e perco-me na mais pura abstração. Fico olhando as criaturinhas a correr como se sobre trilhos. Antes, por pura curiosidade passava alguma coisa, como palito, prego, agulha, sobre o caminho e elas paravam como seu eu houvesse aberto uma cratera em sua rota, ou paravam como se batessem em uma parede; sem ter como prosseguir, voltavam pelo caminho demarcado.
Engraçado quando se encontram nas idas e vindas, acho que até “batem cabeça”, daí desviam e cada uma segue o próprio destino cego sem, contudo, descarrilar.
Se livre de qualquer vontade ou desejo de fazer algo, ou, se não houver deveres clamando por mim, posso passar até minutos olhando a monótona e cansativa vida destes pequenos seres.
Se livre de qualquer vontade ou desejo de fazer algo, ou, se não houver deveres clamando por mim, posso passar até minutos olhando a monótona e cansativa vida destes pequenos seres.
Entro, como em um vazio mental; uma quase terapia.
Quando volto aos raciocínios viajo em analogias sobre as vidas das formigas e as humanas.
E não é preciso viajar muito para perceber que há muito de formiga no Homem. Somos bem mais que somente instintos, porém, ainda dominados por estes. Parece que o que mais fazemos é satisfazer ou descobrir meios mais eficazes e prazerosos de nos satisfazermos em nossos desejos mais imediatos, mais animalescos. Diferimos das formigas neste aspecto: encontramos prazer nos instintos.
E não é preciso viajar muito para perceber que há muito de formiga no Homem. Somos bem mais que somente instintos, porém, ainda dominados por estes. Parece que o que mais fazemos é satisfazer ou descobrir meios mais eficazes e prazerosos de nos satisfazermos em nossos desejos mais imediatos, mais animalescos. Diferimos das formigas neste aspecto: encontramos prazer nos instintos.
Não que seja mal a busca do prazer, muito pelo contrário, é uma necessidade básica; a busca do prazer nos instintos é quase um outro instinto de preservação, e nem estou falando de sexo.
Até parece que corremos nos dias e noites rumo a uma forma de perpetuar os prazeres, ou de busca-los (nem aí falo somente em sexo). Chamamos, quase sempre, de busca da felicidade. Um disfarce nobre para nossos instintos.
Não faço estas reflexões por mera crítica ao Ser Humano, nem mesmo como autocrítica, que, confesso, se referente a mim seria bem justa, até porque é bom o prazer, muito bom mesmo; maravilhoso; e nem aqui estou somente falando de sexo.
Deixando o lado instinto, antes que eu realmente comece a falar em sexo e descambe para onde não é meu interesse neste texto, parto para o que realmente busco nestas reflexões que é traçar um paralelo entre homens comuns e as formigas e Bruno; Giordano Bruno. Tento deixar os instintos em busca da inteligência e intuição.
Usarei este ícone da Humanidade, sem maiores pretensões, pois conheço e reconheço minha pequenez e parca capacidade intelectual, ainda mais ante este gigante.
E o usarei por ter assistido esta semana um filme biográfico sobre ele.
E o usarei por ter assistido esta semana um filme biográfico sobre ele.
Começo pelo fim do filme, que deve ser conhecido por quem conhece a vida deste gênio, ou seja, começo pela fogueira. Começo pelo fogo que tinha a intenção de salva-lo do inferno pelas blasfêmias e heresias que cometeu em escrever e falar contra a verdade secular.
As chamas devoraram um corpo, mas é certo não devoraram o Espírito, a essência; a mesma essência que ele defendeu até o martírio. Não temeu o julgamento. Tão somente, encenou uma abjuração no primeiro julgamento por considerar que vivo poderia agir e divulgar seus pensamentos e lançar um pouco mais de luz sobre as trevas.
Este mártir do livre pensamento viajou como andarilho por toda Europa, levando sua lógica, razão e princípios; foi recebido em todas as cortes ditas civilizadas da época e deixou suas marcas. Falou daquilo que via como lógico e questionou pensamentos, principalmente teológicos, que considerava equivocado. Mas, o que soava inconsistente para sua razão lúcida e livre, para os tribunais da Inquisição era a verdade máxima.
E a Santa Inquisição tentou condenar pensamentos livres na figura da carne. Quão vã tentativa.
E a Santa Inquisição tentou condenar pensamentos livres na figura da carne. Quão vã tentativa.
Mesmo que se condenem milhares de homens, milhões, a Verdade sempre será intocada. Nenhum tribunal do mundo foi e é capaz de revogar Leis Eternas. Bruno foi para a fogueira e suas obras condenadas ao mesmo destino. Deu-se, naqueles dias uma aparente vitória da Eclésia.
E nos dias de hoje, o que há de doutrinas e de fé? O que ainda ficou das passagens de Bruno, passados mais de quatrocentos anos?
Talvez, o que de pior ainda sobra do século do mártir do livre pensamento, seja a massa que ainda é como de formigas. Se, por força das provas incontestáveis a Terra deixou de ser centro do Universo, a velha carcaça de carne e sangue ainda persiste em ser o centro da vida.
Não são muitos os que conseguem realmente vislumbrar os infinitos no tempo e no espaço. Não é lugar comum buscar os fatos e as possibilidades sem uma antevisão que descaracterize o novo, aliás, o eterno, de forma que não deforme pelos conceitos amarrados em velhos pacotes já prontos e mofos. Prontos e feitos por homens com tochas à mão. Mofos por estarem aprisionados em celas filosóficas medievais.
Vivemos atualmente em um mundo livre para o pensamento. Através dos milênios tanto se ambicionou, tanto se lutou por este livre pensar, para hoje nos prendermos nos instintos, no agora, no metro quadrado que em pisamos? Tanto se lutou para nos deixamos levar por encomendas em formato bonitinho com o intuito de não dizer nada e ficar tudo como está?
Não! É certo que não.
Não! É certo que não.
Pior ainda é que quando se busca um pensamento mais profundo, não fica difícil notar a falta de alma, de aspiração, de inspiração. Falta um quê de Giordano Bruno, falta uma nobreza de coração e mente que vem antes mesmo de dizer, de escrever. Talvez falte o fantasma das fogueiras: será que a Inquisição está fazendo falta? É curioso: alguns dos mais inspirados versos da MPB foram nos anos da ditadura.
Será que se não houvesse escravos, Castro Alves não “flutuaria”? Os versos de Castro Alves foram brilhante falando de tudo, portanto, não foram os navios negreiros que o fizeram.
Não é a falta de sombras mórbidas que cala os corações e mentes de hoje, mas a falta de um brilho com ligação mais profunda com o eu interior, ou uma “sombra” que nos siga e fale conosco, e nem precisa ser a que acompanhava Sócrates e o mantinha absorto; ou algo como Charles Dickens* que, dizem, conversava com seus personagens.
O mundo de hoje luta contra as agruras, que de fato não são somente de hoje, mas de sempre, com as mesmas armas que também são de sempre, exceto pela liberdade, fato novo, que é mal utilizada, ou mesmo ignorada. Será mero comodismo? Martela em minha mente um pensamento de Pietro Ubaldi: para homens novos, métodos novos. E os métodos milenares fazem com que o homem velho desejoso, necessitado de renascer, agonize.
E o homem velho não morre e segue a bater cabeça, tentando dar vidas e cores aos instintos, talvez como válvula de escape, sobrepujando a inteligência que tem única serventia: garantir os prazeres momentâneos. Nós, míseras formigas a nos perdemos ante os riscos que os destinos e fados impõem. Eis uma nova fogueira que queima mais lenta que a de Giordano Bruno, que morreu, mas vive.
(AEM, 2006)
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(Postagem em 01/04/13)
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(Postagem em 31/03/13)
Um cara disse um dia algo mais ou menos assim: “Amar a Deus acima de todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”.
“Eis toda lei e os profetas.”
Até onde eu sei a frase foi esta. Não teve senões como: se o cara for de origem romana, ou for fariseu, cananeu, ou seja lá de onde for não deve amá-lo. Se o cara fizer e agir de maneira que você não julgar corretas não deve amá-lo.
O cara não pôs senões. Foi simples.
São assim as leis verdadeiras: não possuem parágrafos, itens ou alíneas.
Os senões e condições foram postos por pseudo-sábios e por pessoas que queriam, e querem ainda, controlar mentes por preconceitos, lucros e vaidades pessoais.
Esteja acima dos profetas e simplesmente ame o teu próximo.
Não somos carne e sentidos. Somos espíritos eternos.
(AEM, 2013)
(AEM, 2013)
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QUEM É ESTE CRUCIFICADO?
Tanto falam de um crucificado, um martirizado que fico a me perguntar: quem é este?
Ouvi certa vez alguns atores que iriam trabalhar - e outros que já haviam trabalhado - na encenação da Paixão de Cristo discutindo a tal peça. Uma das atrizes comentou que se deve trabalhar o Jesus histórico; e disse isto em um tom de quem não crê no Cristo. Creio que o Jesus em que ela não acredita seja o Jesus místico; não houve aprofundamento sobre isto.
Porém, o que aquela moça parece não saber é que não existe este Jesus histórico; como história Jesus existe tanto como o Rei Artur, o Minotauro, a Alice (aquela do país das maravilhas) e qualquer outro personagem literário ou lendário, pois jamais houve constatação de historiadores acerca de Jesus Cristo*; o que existe de fato sobre Jesus são os quatro evangelhos e os demais livros do Novo Testamento. Há ainda os chamados evangelhos apócrifos. Toda esta obra foi escrita por seguidores de um tal profeta, ou coisa que valha; e estes escritos foram feitos décadas depois dos fatos que dão testemunho. Para complicar ainda, há o fato de que alguns destes escritores nem sequer O conheceram. Imaginem seguidores de Hitler escrevendo sobre seu mestre? O que sairia de tal obra? Por enquanto não há bases históricas confiáveis sobre o Messias Nazareno.
Embora não haja esta formalidade histórica, no entanto, há no mundo cristão quatro datas por cada ano dedicadas a esta história sem corpo, aliás, há um corpo: o pão; e que não possui sangue (o vinho é Seu sangue), dizem ainda que este sangue tem poder; não possui nem uma pedra para recostar a cabeça, mas deita-se na eternidade. Há ainda um feriado dedicado à mãe dele. Criaram-se e criam-se igrejas pelos seus seguidores; criaram-se e criam-se estigmas por seus mais profundo conhecedores; criaram-se e criam-se santos de seus mais devotos seguidores. Fizeram-se e fazem guerras em seu nome; fizeram e fazem demagogias em seu nome.
Querem destroná-lo. Querem exaltá-lo.
Querem descrucificá-lo. Querem recrucificá-lo.
Querem odiá-lo. Querem amá-lo.
Querem. Querem. Querem...
Mas nada resolvem.
Apenas tentam, em vão, explicá-lo, seja como verdade, seja como mentira.
Mas, indo aos fatos.
No ano de 64 de nossa era, pegou, ou atearam fogo em Roma; dizem que o autor da façanha foi Nero, este por sua vez imputou a autoria aos cristãos.
Pergunto-me: quem, ou o que eram estes tais cristãos?
A partir deste episódio Jesus surge como história no ocidente, não com Ele próprio, mas por seus seguidores, isto trinta e um ano após sua morte e milhares de quilômetros da Judéia.
Estes, ditos piromaníacos, sofreram perseguições ácidas e suportaram torturas e mortes terríveis. Em troca de que aceitaram, resistiram e resignaram-se a tais sofrimentos? E como, apesar de tantos massacres nos circos romanos, esta tal crença sobreviveu? É uma ótima questão a ser resolvida se o tal ressuscitado não existiu.
Como fato curioso nestas questões é que toda filosofia em que se baseia o ateísmo e as doutrinas anticristãs têm de se firmar em crenças. Não há como se discutir teorias, história oral e metafísica sem uma boa dose de crenças; há um momento em que se terá de chegar a um ponto em que não dá para ir mais longe de forma empírica e terá de firmar na fé (ou na mais absoluta falta de fé). Esta mais absoluta falta de fé nada mais é que fé, digamos, às avessas. Ou acomoda-se e suspende-se o juízo. Isto é o que os fazem cair em contradição em suas pseudofaltas de crenças. Não há descrença, mas crença no contrário do que outros crêem, pois ninguém pode afirmar com convicções e fatos sobre coisas etéreas, coisas em que não há constatação científica. Em questões em que não há como fazer constatações empíricas, tudo se transforma em crenças.
Fé e ceticismo (fé dos “sábios”) são tão somente dois lados da mesma moeda.
Intelectuais, comumente, preferem a praticidade da dúvida; é bom, cômodo diria, pois a fé é letra morta para os que nada tem, principalmente cultura filosófica. Ou você já leu Nietzche? Não “possuir fé” é ser acima dos normais, do vulgo, do comum. Incrível! Porque não possuir fé é, de fato, ter um tipo da tal fé às avessas, mas as pessoas normalmente não se dão conta disto. Vale dizer que o ceticismo tem seu valor pela pesquisa mental do Ser e do Não Ser, enquanto a grande maioria dos crentes (em Deus, em Jesus, em religiões) tem sua base na simplicidade de crer sem muita justificativa, sem fazer perguntas sobre os porquês das vidas; ou a dor e os infortúnios o levam para um mundo em que somente um Deus poderia ser solução.
Assim é tratada a fé em nosso mundo, em nosso tempo. Talvez sempre tenha sido assim. Em nosso tempo, contudo, há um outro fator: a evolução tecnológica. A tecnologia nos faz pensar (ou crer) que superamos o tempo dos deuses, o tempo de Cristo, o tempo de Deus. Porém, li, há algum tempo, em uma das edições da revista Seleções que no início do século XX, pensadores e cientistas foram convidados a fazer previsões de como seria o mundo de hoje, e quase todos (segundo a revista) davam como certo que o cristianismo não chegaria vivo para o século XXI. O que dizer hoje? Quem apostaria no sepultamento do Cristianismo para o início do século XXII?
Mas, existe corpo para ser sepultado? Não, eis o grande problema dos céticos: os mártires e as ideologias são mais difíceis de matar, para tal é necessário um ícone maior e uma ideologia mais poderosa; e até hoje esta não surgiu. Torturam e mataram cristãos nas arenas romanas e estes ainda persistiram (porque tal resistência?). Hoje, matar e torturar não são mais permitidos, a não ser psicologicamente e moralmente (diga-se que estes também não são mais tolerados). Daí não resta mais nada a fazer senão, baseando-se em teorias e anti-fé (digo: fé às avessas), argumentar contra as igrejas e pessoas que processam uma crença. Óbvio que a crença em Jesus é o alvo predileto pelos os que neles não crêem, principalmente pelo que este representa em nosso mundo. E como não poderia ser diferente os crentes se defendem condenando os céticos; e condenam ao fogo eterno.
Isto para mim soa estranho, porque, atendo-me somente aos fatos, digo que vivemos em um mundo livre (ou não?). Por que as pessoas simplesmente não vivem e deixam viver? Fato: no plano em que se sai do material tudo passa a ser questão de crenças, e será assim até que haja constatação científica; portanto, sempre terá que ser posto acima de qualquer teoria ou pensamento o respeito à teoria e ao pensamento do outro; ninguém pode vir e dizer que, de fato, conhece a Verdade; deve ser esta a base para uma boa convivência entre as diferenças.
Contudo, por minha vez, deixo uma questão: porque a civilização ocidental, que foi construída com as bases dadas pela cultura grego-romana, que era pagã se tornou fundamentalmente socrática-cristã, ou seja, nossa sociedade que teria tudo para ser pagã acabou por ser embasada em dois personagens que, segundo muitos, não existiram, mas que reverteram o paganismo.
Nós não vemos a luz, mas somente seus efeitos, mas não podemos negar sua existência; minha crença é que este tal crucificado de que tanto falam seja como a luz.
Como duvidar da força do espírito que suportou torturas, fogueiras, a cicuta e a cruz? E que ainda persiste?
* Em verdade existe uma citação pequena, sem muita significação, sobre Jesus feita por Flávio Josefo, historiador judaico-romano.
(AEM, 2012)
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A FUGA
Precisava de um simples gesto para abrir a porta e fugir.
Antevendo sua liberdade pegou a chave olhou-a e pôs-se a relembrar de seus dias vividos até ali.
Suas lembranças trouxeram suas fraquezas, suas solidões e suas dores: sua pena.
Porém, não admitia a culpa própria que causou seu desejo de fugir daquela prisão; ou talvez, fosse este o motivo maior do desejo da fuga insólita: culpas. Culpas e fraquezas.
Olhou fixo para a chave e tomado de infinda desolação, abril a porta e se foi. Tomou sua dose de falsa liberdade.
Atravessou a porta e viu-se livre; encontrara a liberdade plena que buscava. A liberdade era tanta que não mais tinha meios de conter as insuportáveis dores em ebulição por se tornar, após cruzar a porta, um Ser sem máscaras.
(AEM, 2004)
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A FÉ E O TEMPO
(Postagem em 7/03/13)
Em comum aos homens primitivos, Einstein, Descartes, Sócrates; entre os nativos da África ou da América; entre as civilizações antigas e modernas, enfim, em comum a todos os homens e em todas as épocas, há a crença em algo superior, intangível; algo este, que comumente dá-se o nome de Deus.
Diferencia-se a forma da crença, as formas de exteriorização desta crença, mas o fundamento é sempre o mesmo. Irrompe do fundo da mente, do coração, da alma, a certeza de um Ente Maior que vaga no infinito, nos elementos, no íntimo da alma, por vezes confundindo-se com estes. O orgulho e o egoísmo podem sufocar esta intuição que normalmente é quase sempre lúcida e perfeita. A miopia ao Sublime e Superior vem também de nossos desejos sempre imediatistas; sempre a ânsia por respostas concretas, eloqüentes, falazes, que nada dizem à alma. A pseudograndeza humana, esta supremacia aparente é sempre lançada ao pó, e então, faz jorrar após terríveis reveses, mais viva do que nunca, a certeza da nossa pequenez ante o Desconhecido Senhor dos mundos.
Quando jogados às dores tentamos arremeter, nos ocultar em nós mesmos, nos fecharmos aos olhares alheios, mas não nos ocultamos de nossa consciência, de nossas reflexões que nos impele, nos cobra curas de nossas angústias. Alívio! Necessitamos de alívio para o corpo, para a alma. Onde encontra-lo? Em nossos semelhantes, que estão às voltas com as próprias dores? Não! Definitivamente não.
O alívio para a alma nos momentos extremosos terá de vir de mais Além, de um Ser Maior: Deus.
Para cada homem em seu devido momento psíquico, um Deus específico, ou mesmo um ante-Deus, que será por certo Verdadeiro para as horas mais difíceis; para as horas amargas.
Assim, aos primitivos, o Sol, a Lua, os ventos, a noite, o dia, a chuva; tudo é Deus, tudo é temido e amado. Tudo é complexo e incompreendido. Rituais de fogo, de água, de sangue.
Correram as eras, evoluíram os homens, evolui a fé.
A arte, novos pensamentos, novas filosofias.
Homens modernos em suas novas maneiras de retratar a
Divindade em suas várias formas e atributos. Então, Deus é trazido à
imperfeição, com razões e desejos, com nossas sedes. Erigiram-se templos,
esculturas com contornos "perfeitos" das formas de homens e mulheres: o
Eterno e o Imponderável trazido ao imperfeito e tangível; o homem a começar a
também se crer deus. Começava a se alimentar do fruto proibido: o fruto do
conhecimento. O fruto que tornaria o homem um Ser Maior a cada dia.
Seriam (e serão ainda) necessários milênios para se moldar, para lapidar os brutos que ao principiarem seus aprendizados, já de início, trariam a grande marca dos ignorantes: o tudo saber, tudo dominar. Nós, crianças rebeldes, conduzimos assim em nossa infância ida, os nossos estudos abarrotados de orgulho e vaidade glorificando a matéria, crendo-nos senhores do Universo.
Porém, quando nas esquinas dos tormentos, curvamo-nos ante o Ser Maior e seguimos aos templos de pedras. No passado, às pedras, lançávamos nossas oferendas ao deus da Guerra, dos Ventos, dos Mares, do Amor, dos Cereais, do Vinho, da Fertilidade, da Morte. Para cada situação um deus, para cada deus um rito, para cada rito uma oferenda, para cada oferenda uma esperança. Em cada esperança o extravasar de nosso embrutecimento. Muitas as situações, as condições, as filosofias, portanto, muitos deuses. Deuses que exigiam ouro, sangue, armas, sexo como dádivas.
No entanto, Deus que é Eterno e Infinito, que sempre por nós foi concebido à nossa imagem grosseira e imperfeição, jamais nos desamparou, jamais nos legou ao abandono de nossa ignorância, nem nas mais atrozes, e nos enviou sempre Seus Mensageiros (nossos irmãos mais velhos) para nos guiar, nos mostrar os rumos. Este Deus em Verdade juntou todas as nossas trevas e a jogou sob a Luz mais resplandecente. Luz, a mais brilhante: Jesus. E naqueles dias começou a morrer o deus da guerra, do sangue, da terra, da morte. Nascia para nossas mente e nossos corações o Deus Verdadeiro. Não era mais o Deus dos altares dos templos de pedra, não mais dos elementos (nos elementos). Nascia Deus diáfano no coração; diáfano e vivo. Deus se transfigurava em Vida, Amor, Luz: Pai.
A Luz jamais desvaneceria, nada mais a ofuscaria.
Os séculos correriam a levar incessantemente a todos os corações a Boa Nova. Mesclar-se-ia com as taças transbordante de egoísmo e em muitos corações se fundiriam com as rochas e com o sangue, até se sobressair, cumprindo o inevitável: a Luz sobre as trevas a nos resgatar, nos redimir; a nos iluminar mais e mais a cada século, a cada ano, a cada dia, a cada segundo.
A Eterna Evolução no trilhar da história aos poucos vai crescendo, se agigantando para a vitória do Maior sobre o menor, do Eterno e Verdadeiro sobre o equívoco e passageiro.
Não mais mortificar nossos corpos em holocausto ao Criador, e sim o Espírito e nossas misérias morais para reconstruirmos a nova Humanidade. Pode, ainda, o homem se ajoelhar nas pedras evocando o imponderável, pois ainda necessita do palpável para crer; escravo ainda dos sentidos; ouve os chamados do Alto e se atira ao que pode ver com os olhos da matéria, mirando o invisível. O Céu o acata se traz a pureza na alma, na consciência.
Lembremos sempre que a matéria vem da matéria e volvera à matéria em seu ciclo perfeito, e que é o Espírito que viverá sempre, portanto, é este que tem de ser burilado, fustigado; é este que necessita romper os grilhões que o prende ao solo, para alçar vôos aos espaços infindos.
Dia virá em que todos nós, espíritos habitantes deste Planeta, entenderemos todas as lições do Cristo. Dia de venturas sobre a Terra em que a Fé será lúcida, e acima de tudo imaterial. Dia em que as Luzes reinarão, dia em que Deus será conhecido em Sua Plenitude. Dia em que a religião será Deus; o templo os corações; a filosofia o Amor; o ideal de todos: Jesus.
Viveremos deste dia em diante em um planeta
regenerado.
(AEM, 2004)
(AEM, 2004)
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