Das coisas da alma


INÊS E CINZAS

Foi embora a folia
Morreu a fantasia
É Inês que se foi
A Inês que brincava
A Inês que sorria
Cantava, pulava
Foi Inês do Sábado
Inês que insinuava
Lasciva, que jogava
Com sentimentos
Com o corpo suado
E no domingo me amou
Como menina
Como fera indomada
Na segunda desfilou
Em fantasia e serpentinas
Desfilou a pele morena
Suada, com olhar insinuante
Com os lábios ardentes
Desfilou e depois me amou
Novamente
Foi Inês da terça
Já exausta
Exausta, mas queria mais
E ainda pulou, brincou
No suor que corria
Sensual, linda, linda
Amou ainda
Um, dois, três
A mim também
Era Inês da folia
Da alegria
Dos homens
Foi Inês na quarta
E deixou em mim
Um desejo assim
Sei lá, um desejo
Desejo, desejo, ...
Deixou saudade da alegria
Das madrugadas ardentes
Foi Inês e deixou,
Cravou insolente,
Em mim
A mais densa fantasia
E se foi Inês
E foi Inês
Mais uma vez

(AEM, 2006)
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Amarras

Navega mente, rumo sol
Rumo sol seguindo meu farol
Na proa da ilusão, da fantasia
Ou, seguindo por qualquer via
Via Láctea, Via sonhos, Via vida
Navega em nau construída
Em mistérios e loucuras
Sem razão, sem mensuras

Desapareça eternamente realidade vazia
Em sua faina de cruel tirania
Deixe vir a sutil liberdade
Deixa-me navegar a felicidade
Em perdidas, esquecidas rotas
Pelas caminhadas longas, já remotas
E navegar, não uma fantasia qualquer
Mas, uma vívida, num busto de mulher

Ah! Sim! É ela: ainda tez morena de sol
Em suores como dantes em nosso lençol
Posso até tocar com as mãos sonhadoras
E beijo, não pelo que és, mas, pelo que foras
És agora, presente e minha, e bela
E aprisiono-te comigo nesta cela
Nós, seqüestrados de tempos idos
Que de tão amante, nunca esquecidos

- Olhe o horizonte infindo! – nosso destino
Feliz, na proa da nau, tudo domino.
Ah! Renasci! Vivo! Vivo novamente
Vai! Navega mente! Navega mente!
Não me abandones em naufrágio
Não relegue este horizonte, sem ele ... sou frágil
Esqueça o mundo lá fora em suas garras
Mente, segue e solte todas amarras

(AEM, 2005)

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Minuto de silêncio

(Postagem em 22/05/13)



--------------Minuto de silêncio--------------

-----------------------MI-----------------------
----------------------alma----------------------

a----------------------NÚ-----------------------
----------------------alma----------------------

-----------------------TÔ-----------------------
----------------------alma----------------------

-----------------------DE-----------------------
----------------------alma----------------------

-----------------------SI-----------------------
----------------------alma----------------------

a---------------------LEN----------------------
----------------------alma----------------------

----------------------CIO-----------------------
----------------------alma----------------------

------------Mi-nu-to-de-si-lên-cio------------


(AEM, 2013)

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LÁBIOS DE MEL
(Postagem em 22/04/13)

Na boca que conta histórias
Sobre tudo, que se perde
Coisas, coisas, coisas
Que depois não se leva na memória

No sorriso que encanta
E clama por um beijo
Quero esquecer
Mas, nada mais vejo,
A não ser o desejo

O olhar convida
Sempre mais, mais, mais
Foi assim, desde o primeiro beijo
Que em nossa cumplicidade
Foi testemunhado pelo silêncio
Até o último
Testemunhado pela eternidade

(AEM, 2013)
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Aquele momento
(Postagem em 16/04/13)

Aquele momento
Em que o tempo voa
E você nem se dá conta.

Aquele momento
Em que as palavras saltam
E você nem se dá conta do que disse

Aquele momento
Em que você ri e não sabe o porquê
Em que você diz que tem de ir,
Mas quer ficar

Aquele momento
Em que você perde toda a lógica

Aquele momento
Em que filosofia se transforme em ironia
Ironia se transforma em poesia
Poesia se transforma em disritmia
Disritmia se transforma em filosofia

Aquele momento
Em que tudo parece inverso
Que tudo parece disperso

Aquele momento
Em que o fundamental se torna banal
E o banal se torna fundamental

Aquele momento
Aquele momento
Aquele momento
...

(AEM, 2013)


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(Postagem em 12/04/13)
Existem certos momentos em que você vê o quanto as pessoas podem ser prepotentes em suas ridículas vidas que não sabem se as terão no dia seguinte. Pessoas idiotas que querem esconder suas idiotias com atitudes de autopromoção, mas que deixam claro que tudo não passa de mero despeito e de pseudo-superioridade; pois, pessoas realmente grandes em talento, inteligência e moral, são aquelas que são vista assim por olhos alheios e não pelo próprio ego.
AEM, 2013)
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(Postagem em 03/04/13)





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Se você pudesse ver minha alma
(Postagem em 17/03/13)

Se você pudesse ver minha alma...
Tantas angústias disfarçadas
Por trás de vidraças embaçadas
Não querendo te olhar
Mas sonhando em voar
Ao teu lado com minhas asas quebradas

Se você pudesse ver minha alma errante
Talvez você me desse um sorriso
Talvez um sorriso, mesmo distante
Mesmo que fosse um despretensioso,
Apenas um sorriso
É somente um pouco do que preciso
Em meu universo silencioso

Um sorriso,
Mesmo um que me diga jamais
Um sorriso, não de ironia
Você me daria;
Apenas um pouco de calma, talvez mais
Você me daria
Se você pudesse ver minha alma.

(AEM, 2013)

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Das vezes em que não se pode fugir de si


Às vezes invejo o girassol
Que sempre busca a luz
Às vezes sinto pena
Pois, por vezes, ...
Por vezes um pouco de trevas
Somente um pouco,
Por vezes se faz necessária
Por vezes luzes
Cores, claros, matizes
Devem sumir
Devem deixar vir
Um pouco de negro
Deixar vir um pouco
Somente um pouco ...
Somente um pouco de trevas.

 

(AEM, 2007)


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CONEXÕES
(Postagem em 11/03/13)


Estou participando dos projetos do Atelier Conexões que, a princípio são três em andamento: o lançamento do logo do atelier em março, SP Estampa em abril e uma exposição em Embu das Artes, provavelmente em agosto. Ao lado dos meus amigos Adriano Gambim, Sérgio Andrejauskas, Nina Abreu, que conheço a mais ou menos dois anos, e do argentino Nelson Maldonado que conheci a pouco tempo, estou tentando concatenar idéias e tempo para produzir desenhos, gravuras e o que mais for possível aproveitando os intervalos que sobram da SAAV e Faculdade. 

Para esta primeira etapa, produzir pensando o significado de conexões, fui para um lado mais abstrato de nosso mundo e estou buscando coisas da alma, coisas profundas em nosso Ser. E nada é mais profundo que o Amor, seja nos relacionamentos humanos ou divinos; e como simbolismo vi nas mãos o que pode trazer estes significados com mais simplicidade. Mãos que se tocam com almas se desejando ou mãos postas buscando o Divino em orações. Gestos simples e poderosos.

Um toque de uma mão sobre outra pode dizer a um coração mais que longos discursos. Um toque de amor não mente jamais; assim como mãos estendidas em oração traduzem perfeitamente o estado de espírito de uma pessoa. Com isto vão minhas mãos cortando madeiras e enchendo se de tinta em meu jeito sem muitos cuidados, não por distração, mas por opção, e tentando dizer o que sinto em cada momento, em cada corte, cada traço. Não me importo com resultados bons ou ruins enquanto estou produzindo, mas depois...

Mas que sejam o que tiver de ser, pois acima de tudo sou eu em meu modo e meu tempo, meus medos e minha fé, minhas angústias e angústias. Sou eu nas abstrações de minha alma.
Atelier Conexões
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ALMA ANARQUISTA
Nada mais doce que ter alma anarquista
Nada mais ácido que ter alma anarquista
Danem-se ordens, patentes, hierarquias, idiotias humanas
Dane-se conceitos, preceitos, preconceitos
Porque há uma ordem que não se vê facilmente 
Que atropela as ignorâncias, arrogâncias e as ânsias de poder
 Mas que, por vezes, sorri para as petulâncias 
Que certamente sorri para a mais doce das petulâncias 
A petulância de ser alma livre
(Postagem em 05/03/13)

(AEM, 2013)

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