O livro de Rhonda Byrne, O Segredo, foi lançado em 2006 e causou imensa repercussão prometendo mudar vidas e trazer prosperidade em todos os sentidos para todos os que se propusessem a seguir os ensinamentos lá expressos.
Contudo, não foi bem assim que aconteceu de fato para a grande maioria das pessoas. Óbvio que teve muitos casos de sucesso, mas se alguém, digamos cheio de problemas, vendo-se em dificuldades diversas, sobretudo financeira, pegar a ler e estudar o livro (ou o vídeo) provavelmente terá pouco sucesso, pois o livro é, de fato, somente a abertura de uma porta para uma saída que terá que ser trilhada com muita determinação. Isto frustra e anula a força de vontade (item básico para o sucesso seja em que campo for).
O livro mostra os caminhos, mas não diz com clareza como trilhá-lo.
A obra que inspirou Byrne foi “A ciência para ficar rico”, de Wallace D. Wattles, lançada em 1910.
Foi este o livro que ela ganhou da filha quando estava em dificuldades que mudou sua vida e a inspirou a fazer, a princípio o vídeo e, posteriormente, o livro. “O Segredo” fala dos princípios básicos da lei da atração, mas não dá as chaves para abrir as portas: Fé, visualização, sentimentos, gratidão, poder, etc.
Mas, se focarmos somente na Fé como exemplo, vemos que este não é um tema novo, aliás, o maior poder que um Ser Humano pode adquirir, é recorrente no mundo desde sempre.
Quantas pessoas já debruçaram sobre os joelhos em oração? Em qualquer igreja vê-se em todas as pessoas as expressões mais genuínas em busca desta força; vê-se pessoas convictas que a possuem; sobretudo os líderes religiosas, que são reconhecidos por este status.
Mas, por que entre os milhões de leitores do livro, assim como os milhões, talvez bilhões de crentes ao redor do mundo não se vê demonstração de Fé realmente verdadeira, aquela capaz de mover montanhas? Vê-se tão somente discursos e falácias sobre esta; vê-se pessoas jurando possuí-la, mas seus resultados na vida não demonstram isto.
Porque a fé é vista quase sempre em um lado místico e até mesmo subjetivo e não um ente que se pode dizer científico e lógico.
Assim quando John Assaraf diz no livro “O Segredo”
Nós podemos ter qualquer coisa que escolhermos. Não me importo com o tamanho do desafio. Em que tipo de casa você quer morar? Quer ser milionário? Que tipo de negócio quer ter? Quer mais sucesso? O que você realmente quer?
Discurso assim não muda as coisas. Apenas mostra o que se é possível conquistar. Assim é o livro todo. Acaba se tornando uma espécie de manual do que se pode ter no catálogo do Universo. Como dito na metáfora de James Ray que diz:
“Pense em Aladim e sua lâmpada: ele pega a lâmpada, esfrega-a, e de dentro dela sai um Gênio que sempre diz uma única coisa:”
“Seu desejo é para mim uma ordem!”
Em “O Segredo” o gênio seria o Universo que faz as vontades de Aladim, papel que pode ser vivido por qualquer um na vida real.
Então por que funcionou para Rhonda Byrne e para tantas outras pessoas?
Porque estas pessoas foram e vão além dos discursos teóricos e metafóricos. E seguem buscando a plenitude e não partes. Porque eles fizeram e fazem as coisas de uma certa maneira, como diz o princípio básico de Wattles em “A ciência para ficar rico”.
Diferentemente do que acontecem com os demais pretensos crentes, para o sentimento de manifestação de Fé dos religiosos uma explicação vem fácil por não terem verdadeiro potencial a lhes trazer o que querem ou necessitam, sejam riquezas materiais, saúde ou outras coisas que desejam. Isto se dá porque quase sempre sua pseudo-fé vem naufragada em medos, principalmente no medo de pecar por desejar alguma coisa; estar sendo ávaro ou soberbo; vaidoso ou orgulhoso. Enfim, como se faz crer nos cultos religiosos: Não é fácil para os ricos entrarem no Reino do Céu. O problema é que não existe Fé pela metade. Assim, ou se é pleno ou não se é nada. Fé e medo são antagônicos.
Em “A Ciência para ficar rico”, livro que se pode ler em poucas horas (mas estudado sempre) Wattles é bem explícito em relação com sua visão sobre a Fé religiosa: ele a usa em seu pleno potencial e é bem claro em várias passagens do livro sobre sua inspiração em Deus e em passagens do Evangelho; para ele a Fé religiosa não é contrária da que se busca para as conquistas pessoais e afirma em certa passagem:
“Livre-se da ideia que Deus quer que você se sacrifique pelos outros e se glorifique com isso. Deus não requer nada deste tipo. O que Deus quer é que você dê o melhor de si, por você mesmo, e pelos outros. E você pode ajudar mais os outros fazendo isso do que de outro modo.
Você só poderá dar tudo de si ficando rico, portanto é certo e louvável que você deva priorizar seu pensamento no trabalho de adquirir riqueza.”
Assim ele vem em contrário à resignação dos crentes. Ora! Serve-se melhor a um propósito estando preparado. Não consigo crer que por simplesmente uma pessoa ser rica (em termos financeiros e materiais) já estará privada do Reino dos Céus; assim também não é possível crer que a pobreza garanta a alguém a certeza de estar a direita do Pai no dia do Juízo.
O que se vê de fato é misticismo em cima de misticismo.
O autor segue em sua obra de forma pragmática e diz pensamentos como:
“A posse do dinheiro e da propriedade vem em consequência de fazer coisas de certa maneira, e aqueles que fazem as coisas desta certa maneira – intencional ou acidentalmente – enriquecem, enquanto aqueles que não fazem desta certa maneira – não importam quão duramente trabalham ou o quanto são capazes – permanecem pobre.”
Em verdade o livro “O Segredo” foi um comentário ao livro de Wattles, pois a obra de Byrne tem uma suavidade se comparada a tenacidade empregada em “A Ciência para ficar rico”. Wattles pode até assustar alguns em certos conceitos, sobretudo quando fala sobre a relação com a pobreza.
Se a obra do século XXI foi inspiradora, mas talvez não suficiente para a grande maioria de seus leitores, a obra do século anterior ainda é muito impactante, e porque não dizer desafiadora, pois o autor afirma convicto que quem seguir o ensinado no livro certamente ficará rico, pois se seguirá uma ciência.
Fato curioso é que o autor anterior é mais profundo nos temas abordados.
Se a Fé, a maior potência humana foi enaltecida em “O Segredo”, no livro “Pense e enriqueça” de Napoleon Hill, outro autor do século XX, ela foi explicada e ensinada como adquiri-la em um capítulo com quase vinte páginas.
Diz Hill, logo no início do segundo capítulo (Fé): Como desenvolver a Fé
"A Fé é um estado de espírito que pode ser induzido ou criado pela afirmação ou repetição de instruções ao subconsciente, empregando-se o princípio da autossugestão."
O autor deu vários exemplos de Fé e criou exercícios para o desenvolvimento desta através da autossugestão.
Mas tanto pelo que é expresso em “O Segredo” ou nas obras de Wattles e Napoleon Hill a conquista do sucesso vem de três princípios básicos:
Desejo (tem-se que saber o que quer), Fé (uma inabalável que leva a obstinação) e trabalho (sobretudo o mental: imaginação, concentração, convicção, decisão, persistência, etc.).
Para fechar esta reflexão vou buscar o inspirado orador, Earl Nightingale, que afirmou: Nós nos tornamos aquilo em que pensamos.
