Que dia lindo! Mais um daqueles em que o sol vai fazer
fritar ovo no asfalto.
Abri o portão para tirar o carro para mais um dia de luta no RH; não me
contive: olhei para o céu azul, não havia uma única nuvem. Respirei fundo a
brisa morna da manhã.
Quando ia pegar o carro passou por mim um vizinho.
Falei bom dia; e falei transbordado toda a minha felicidade inspirada pelo dia
radiante.
A resposta foi o silêncio e a cara fechada. Parecia
que uma nuvem pairava sobre a cabeça daquele homem; acho que a nuvem passou
para minha cabeça também. Até no céu apareceu uma nuvem.
Peguei o carro e me fui.
Esqueci,
havia perdido parte do encanto, mas esqueci; ao menos tentei esquecer.
Segui meu itinerário normal, o qual nunca tinha problemas, nunca havia congestionamento. Mas, um acidente no começo da manhã complicou tudo. Normalmente levo dez minutos para chegar ao estacionamento onde deixo o carro. Naquele dia foi quase quarenta minutos de anda, pára, anda, pára. Como não sou dado a atrasos não teria problemas para me justificar, até porque, não era o único preso no congestionamento, porém, acho que era o único que vira a beleza do dia, pois as buzinas e os roncos dos motores, as pragas e os gritos eram generalizados. Creio que havia uma nuvem para cada carro, para cada pessoa.
Naquele tumulto, ganhei mais uma “nuvenzinha”. Olhei novamente para o alto e as nuvens já se avolumavam. Pensei: o tempo está mudando rápido.
Segui meu itinerário normal, o qual nunca tinha problemas, nunca havia congestionamento. Mas, um acidente no começo da manhã complicou tudo. Normalmente levo dez minutos para chegar ao estacionamento onde deixo o carro. Naquele dia foi quase quarenta minutos de anda, pára, anda, pára. Como não sou dado a atrasos não teria problemas para me justificar, até porque, não era o único preso no congestionamento, porém, acho que era o único que vira a beleza do dia, pois as buzinas e os roncos dos motores, as pragas e os gritos eram generalizados. Creio que havia uma nuvem para cada carro, para cada pessoa.
Naquele tumulto, ganhei mais uma “nuvenzinha”. Olhei novamente para o alto e as nuvens já se avolumavam. Pensei: o tempo está mudando rápido.
Apesar de tudo cheguei ao trabalho são e salvo.
Mal entrei na sala, dei de cara com um diretor,
procurando por um antiácido; uma nuvem enorme o encobria. Aos berros dirigiu-se
a mim: Isto são horas? Parece que todo mundo resolveu chegar atrasado!
-
O trânsito está muito
ruim hoje – tentei argumentar. Em vão.
A mim e aos outros que iam chegando, o homem tentava
descarregar seu ácido, que, creio fervia mais ainda dentro dele.
Fui ao banheiro e olhei-me no espelho. Pareceu-me ter
visto uma nuvem enorme a pairar sobre mim.
Tentei esquecer tudo isto. Fui até a janela e olhei para o tempo: como havia mudado!
Tentei esquecer tudo isto. Fui até a janela e olhei para o tempo: como havia mudado!
-
Vou me enfiar no
trabalho! – Pensei convicto.
Sentei-me ante uma pilha enorme de
papéis e queria mesmo me envolver em cada letra, em cada vírgula daquela
burocracia. Mas, um colega me liga e diz que quer falar comigo. Enfático diz:
tem que ser agora.
Fui até ele. Sentei-me na cadeira que me
indicou simpático e pus-me a ouvir.
- O diretor tá levando chifre! E advinha
de quem? – Cochichou sarcástico.
Não, eu não sabia. Fiz cara de curioso
para não desaponta-lo. Arrependo-me desta minha encenação.
- Do serviçal! Cara! Dá pra acreditar? – E riu irônico.
- Do serviçal! Cara! Dá pra acreditar? – E riu irônico.
Não, não dava para acreditar. O tempo
havia me surpreendeu de vez, com a chegada da recepcionista, também atrasada.
- Olha pessoal, além de atrasada, toda
molhada! – Disse a moça indignada.
É verdade! Havia começado a chover. E pesado.
É verdade! Havia começado a chover. E pesado.
Nunca me senti tão impotente. Minha
cabeça começava a doer; assim como o diretor traído, também precisava de um
antiácido.
Voltei ao espelho e notei como eu estava
diferente; cenho carregado; olhos fundos; sentia-me em febres.
Deixei o escritório sob a chuva que parecia querer
lavar todas as almas e voltei para casa, pois não suportava mais. Queria
começar o dia novamente; o que não era possível. Mas teria todos os outros dias
para começar e principalmente terminar melhor. E daquele dia em diante nunca
mais me deixaria levar pelas tempestades alheias.
(AEM - 2006)
(AEM - 2006)
