domingo, 31 de março de 2013

Verso - Força                              Inverso - Forças
Xilogravura - 2013

Um cara disse um dia algo mais ou menos assim: “Amar a Deus acima de todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”.
“Eis toda lei e os profetas.”
Até onde eu sei a frase foi esta. Não teve senões como: se o cara for de origem romana, ou for fariseu, cananeu, ou seja lá de onde for não deve amá-lo. Se o cara fizer e agir de maneira que você não julgar corretas não deve amá-lo. 
O cara não pôs senões. Foi simples.
São assim as leis verdadeiras: não possuem parágrafos, itens ou alíneas.
Os senões e condições foram postos por pseudo-sábios e por pessoas que queriam, e querem ainda, controlar mentes por preconceitos, lucros e vaidades pessoais.
Esteja acima dos profetas e simplesmente ame o teu próximo.
Não somos carne e sentidos. Somos espíritos eternos.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Quem é este crucificado?


         Tanto falam de um crucificado, um martirizado que fico a me perguntar: quem é este?
Ouvi certa vez alguns atores que iriam trabalhar - e outros que já haviam trabalhado - na encenação da Paixão de Cristo discutindo a tal peça. Uma das atrizes comentou que se deve trabalhar o Jesus histórico; e disse isto em um tom de quem não crê no Cristo. Creio que o Jesus em que ela não acredita seja o Jesus místico; não houve aprofundamento sobre isto.
Porém, o que aquela moça parece não saber é que não existe este Jesus histórico; como história Jesus existe tanto como o Rei Artur, o Minotauro, a Alice (aquela do país das maravilhas) e qualquer outro personagem literário ou lendário, pois jamais houve constatação de historiadores acerca de Jesus Cristo*; o que existe de fato sobre Jesus são os quatro evangelhos e os demais livros do Novo Testamento. Há ainda os chamados evangelhos apócrifos. Toda esta obra foi escrita por seguidores de um tal profeta, ou coisa que valha; e estes escritos foram feitos décadas depois dos fatos que dão testemunho. Para complicar ainda, há o fato de que alguns destes escritores nem sequer O conheceram. Imaginem seguidores de Hitler escrevendo sobre seu mestre? O que sairia de tal obra?  Por enquanto não há bases históricas confiáveis sobre o Messias Nazareno.
Embora não haja esta formalidade histórica, no entanto, há no mundo cristão quatro datas por cada ano dedicadas a esta história sem corpo, aliás, há um corpo: o pão; e que não possui sangue (o vinho é Seu sangue), dizem ainda que este sangue tem poder; não possui nem uma pedra para recostar a cabeça, mas deita-se na eternidade. Há ainda um feriado dedicado à mãe dele. Criaram-se e criam-se igrejas pelos seus seguidores; criaram-se e criam-se estigmas por seus mais profundo conhecedores; criaram-se e criam-se santos de seus mais devotos seguidores. Fizeram-se e fazem guerras em seu nome; fizeram e fazem demagogias em seu nome.
Querem destroná-lo. Querem exaltá-lo.
Querem descrucificá-lo. Querem recrucificá-lo.
Querem odiá-lo. Querem amá-lo.
Querem. Querem. Querem...
Mas nada resolvem.
Apenas tentam, em vão, explicá-lo, seja como verdade, seja como mentira.
Mas, indo aos fatos.
No ano de 64 de nossa era, pegou, ou atearam fogo em Roma; dizem que o autor da façanha foi Nero, este por sua vez imputou a autoria aos cristãos.
Pergunto-me: quem, ou o que eram estes tais cristãos?
A partir deste episódio Jesus surge como história no ocidente, não com Ele próprio, mas por seus seguidores, isto trinta e um ano após sua morte e milhares de quilômetros da Judéia.
Estes, ditos piromaníacos, sofreram perseguições ácidas e suportaram torturas e mortes terríveis. Em troca de que aceitaram, resistiram e resignaram-se a tais sofrimentos? E como, apesar de tantos massacres nos circos romanos, esta tal crença sobreviveu? É uma ótima questão a ser resolvida se o tal ressuscitado não existiu.
Como fato curioso nestas questões é que toda filosofia em que se baseia o ateísmo e as doutrinas anticristãs têm de se firmar em crenças. Não há como se discutir teorias, história oral e metafísica sem uma boa dose de crenças; há um momento em que se terá de chegar a um ponto em que não dá para ir mais longe de forma empírica e terá de firmar na fé (ou na mais absoluta falta de fé). Esta mais absoluta falta de fé nada mais é que fé, digamos, às avessas. Ou acomoda-se e suspende-se o juízo. Isto é o que os fazem cair em contradição em suas pseudofaltas de crenças. Não há descrença, mas crença no contrário do que outros crêem, pois ninguém pode afirmar com convicções e fatos sobre coisas etéreas, coisas em que não há constatação científica. Em questões em que não há como fazer constatações empíricas, tudo se transforma em crenças.
Fé e ceticismo (fé dos “sábios”) são tão somente dois lados da mesma moeda.
Intelectuais, comumente, preferem a praticidade da dúvida; é bom, cômodo diria, pois a fé é letra morta para os que nada tem, principalmente cultura filosófica. Ou você já leu Nietzche? Não “possuir fé” é ser acima dos normais, do vulgo, do comum. Incrível! Porque não possuir fé é, de fato, ter um tipo da tal fé às avessas, mas as pessoas normalmente não se dão conta disto. Vale dizer que o ceticismo tem seu valor pela pesquisa mental do Ser e do Não Ser, enquanto a grande maioria dos crentes (em Deus, em Jesus, em religiões) tem sua base na simplicidade de crer sem muita justificativa, sem fazer perguntas sobre os porquês das vidas; ou a dor e os infortúnios o levam para um mundo em que somente um Deus poderia ser solução.
Assim é tratada a fé em nosso mundo, em nosso tempo. Talvez sempre tenha sido assim. Em nosso tempo, contudo, há um outro fator: a evolução tecnológica. A tecnologia nos faz pensar (ou crer) que superamos o tempo dos deuses, o tempo de Cristo, o tempo de Deus. Porém, li, há algum tempo, em uma das edições da revista Seleções que no início do século XX, pensadores e cientistas foram convidados a fazer previsões de como seria o mundo de hoje, e quase todos (segundo a revista) davam como certo que o cristianismo não chegaria vivo para o século XXI. O que dizer hoje? Quem apostaria no sepultamento do Cristianismo para o início do século XXII?
Mas, existe corpo para ser sepultado? Não, eis o grande problema dos céticos: os mártires e as ideologias são mais difíceis de matar, para tal é necessário um ícone maior e uma ideologia mais poderosa; e até hoje esta não surgiu. Torturam e mataram cristãos nas arenas romanas e estes ainda persistiram (porque tal resistência?). Hoje, matar e torturar não são mais permitidos, a não ser psicologicamente e moralmente (diga-se que estes também não são mais tolerados). Daí não resta mais nada a fazer senão, baseando-se em teorias e anti-fé (digo: fé às avessas), argumentar contra as igrejas e pessoas que processam uma crença. Óbvio que a crença em Jesus é o alvo predileto pelos os que neles não crêem, principalmente pelo que este representa em nosso mundo. E como não poderia ser diferente os crentes se defendem condenando os céticos; e condenam ao fogo eterno.
Isto para mim soa estranho, porque, atendo-me somente aos fatos, digo que vivemos em um mundo livre (ou não?). Por que as pessoas simplesmente não vivem e deixam viver? Fato: no plano em que se sai do material tudo passa a ser questão de crenças, e será assim até que haja constatação científica; portanto, sempre terá que ser posto acima de qualquer teoria ou pensamento o respeito à teoria e ao pensamento do outro; ninguém pode vir e dizer que, de fato, conhece a Verdade; deve ser esta a base para uma boa convivência entre as diferenças.
Contudo, por minha vez, deixo uma questão: porque a civilização ocidental, que foi construída com as bases dadas pela cultura grego-romana, que era pagã se tornou fundamentalmente socrática-cristã, ou seja, nossa sociedade que teria tudo para ser pagã acabou por ser embasada em dois personagens que, segundo muitos, não existiram, mas que reverteram o paganismo.
Nós não vemos a luz, mas somente seus efeitos, mas não podemos negar sua existência; minha crença é que este tal crucificado de que tanto falam seja como a luz.
Como duvidar da força do espírito que suportou torturas, fogueiras, a cicuta e a cruz? E que ainda persiste?

* Em verdade existe uma citação pequena, sem muita significação, sobre Jesus feita por Flávio Josefo, historiador judaico-romano. 

(AEM, 2012)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Esta é a luz possível hoje


Retrospectiva 2012


Vídeo com imagens de minhas atividades durante o ano de 2012. Este vídeo, que comecei em dezembro, mas abandonei posteriormente, somente agora tive disposição de terminar. Era para ser concluído nos primeiros dias do ano novo, mas como não deu, então, estou feliz por ter terminado antes da Páscoa.
Agradeço a todos os amigos que foram retratados, pois foram pessoas que certamente passaram em frente da lente em bons momentos: galera da SC, principalmente da SAAV, da Feira de Artesanato e E&I. Não vou citar todos porque é muita gente e provavelmente esqueceria algumas pessoas.
Quem quiser direitos de imagens pode cobrar, mas somente pagarei quando for fazer minha retrospectiva de 2112.

terça-feira, 26 de março de 2013

Amarelo Manga

Filme brasileiro
Ano: 2003
Direção: Cláudio Assis

Elenco:

Matheus Nachtergaele
Leona Cavalli
Dira Paes
Chico Diaz
Jonas Bloch
Taveira Júnior
Conceição Camarotti
Cosme Prezado Soares
Everaldo Pontes
Magdale Alves
Jones Melo
Milena de Queiroz Santos


Filme pernambucano de baixo orçamento com excelente elenco que foi vencedor de vários prêmios. O primeiro texto narrado pela personagem Lígia (Leona Cavalli) diz muito sobre a temática do filme e os dilemas vividos pelos personagens e certamente por todo mundo.


"Ás vezes eu fico imaginando de que forma as coisas acontecem. Primeiro vem um dia. Tudo acontece naquele dia. Até chegar a noite, que é a melhor parte. Mas logo depois vem o dia outra vez. E vai, e vai, vai... e é sem parar."

AMARELO MANGA

quinta-feira, 21 de março de 2013

Paranóia urbana




Três segundos apenas! Não vai dar tempo de atravessar. Vou ter de parar.
Droga! Vermelho.
Esperar sessenta segundos.
Este cruzamento é um tanto perigoso. Tem somente um cara para atravessar a rua; mais ninguém. Tranquilo...
Mas ...
... o cara não vai atravessar a rua?
55 segundos.
O cara estranho está parado olhado para outro lado, menos mal...
49 segundos.
O cara se virou para meu lado. Viu alguma coisa;
Parece não ter olhado diretamente meu carro.
46 segundos.
O cara começou a caminhar.
44 segundos.
Passa devagar paralelo ao carro.
41 segundos.
O cara está mais lento que os segundos no semáforo.
36 segundos.
Ela passa ao meu lado.
Sumiu de minha vista e eu o procuro pelo retrovisor.
32 segundos.
Ainda não o vejo.
Ele deve ter parado no “ponto cego”.
30 segundos.
Olho discretamente. Consigo vê-lo. Lá está ele parado novamente.
29 segundos.
De costas para mim. Olhando para alguma coisa, ou alguém. Provável olhar vago.
27 segundos.
Bom! Ele não olha para meu lado.
Há outros carros parados também.
25 segundos.
Ele está lá da mesma maneira. Olhando para outro lado.
23 segundos.
Ele pode estar armado.
22 segundos.
Faca, revólver, uma pedra para quebrar o vidro. Quantas coisas, entulhos, jogados ao chão que pode servir de arma...
Cidade imunda!
22 segundos.
Respirar.
21 segundos.
Olho mais uma vez pelo retrovisor.
Maldita cidade imunda.
20 segundos.
O cronômetro do semáforo nunca pareceu tão lento. Cada segundo parece minutos.
19 segundos.
Mais carros param atrás e do lado.
18 segundos.
Dez horas da manhã. Muitos carros. Mas há um cara estranho.
17 segundos.
Respirar, respirar, respirar.
14 segundos.
O cara voltou a caminhar lentamente.
11 segundos.
Já posso vê-lo pelo retrovisor.
8 segundos.
Dá a impressão que ele caminha rápido agora.
5 segundos.
Foi embora.
4, 3, 2, 1 ....

quarta-feira, 20 de março de 2013

Primeira vez a gente não esquece

Minha primeira gravura em metal (ponta seca) e meu primeiro retrato feito com carvão.

S/ Título - 2012
Ponta seca
(10 x 14 cm)

S/ Título - 2013
Desenho a carvão
(20 x 30 cm)

terça-feira, 19 de março de 2013

A QUESTÃO DO ISS PARA ARTISTA GUARULHENSES


Fazer cultura em Guarulhos não é tarefa fácil, embora a cidade seja pródiga em números e frações ditas em milhões. Mas, não é privilégio de nossa cidade a falta de vontade com a Cultura. Isto de fato é uma questão nacional (e irracional); creio que pode se dizer que é uma questão cultural brasileira (se é que me faço entender). A cultura é sempre o patinho feio para as verbas públicas que são jogadas nas obras disto e daquilo. E também não são para Educação e Saúde, pois estas também não andam bem de saúde; os prédios de hospitais e escolas até que surgem daqui e dali, mas são somente obras para onde vão as verbas. De fato, não se constrói Educação e Saúde, mas apenas esqueletos.
Neste estado desajustado de coisas onde o básico é relegado e usado apenas como plataformas abstratas e gritadas como pontes concretas para um futuro que está cada vez mais no futuro falar-se em Cultura de verdade chega a ser ridículo.
Ser ridículo, então. Que seja!
Daí surge uma questão que chama atenção para os poucos artistas que são moradores de Guarulhos que são contratados pela Prefeitura para se apresentarem nos eventos públicos é o de terem de pagar ISS. Artistas de outras cidades/estados que se apresentam aqui são isentos.
É no mínimo curioso o fato de contribuintes guarulhenses que pagam todos os impostos e mais alguns ao longo do ano terem de pagar mais este, enquanto artistas que vêem à cidade somente para ganhar são isentos; isto para a mesma natureza de serviço.
Certamente há razões para tal; razões burocráticas, diga-se.
Razões de um estado despreocupado com Arte e Cultura. A burocracia sempre é despreocupada. A burocracia é simples em sua complexidade idiota.
Pior é ver a conivência e falta de questionamento por parte dos interessados. Paga-se simplesmente e não se questiona.
Não se faz nada.
Medo? De que?
Ou será que estamos todos burocratizados? 

domingo, 17 de março de 2013

Olhos cansados e mente inebriada em multi-informações em um desejo desesperado de parar de pensar.

Se você pudesse ver minha alma

Se você pudesse ver minha alma...
Tantas angústias disfarçadas
Por trás de vidraças embaçadas
Não querendo te olhar
Mas sonhando em voar
Ao teu lado com minhas asas quebradas

Se você pudesse ver minha alma errante
Talvez você me desse um sorriso
Talvez um sorriso, mesmo distante
Mesmo que fosse um despretensioso,
Apenas um sorriso
É somente um pouco do que preciso
Em meu universo silencioso

Um sorriso,
Mesmo um que me diga jamais
Um sorriso, não de ironia
Você me daria;
Apenas um pouco de calma, talvez mais
Você me daria
Se você pudesse ver minha alma.

(AEM, 2013)

quinta-feira, 14 de março de 2013

VORAGEM E COBIÇA

Há alguns anos em um grupo de discussão do Yahoo! foi colocada uma proposta de se escrever textos em que se usasse as palavras "voragem" e "cobiça", aqui o resultado do que eu fiz em um dia em que estava de bom humor.
 

Homens rudes das roças
Em décadas passadas
Aqueles dias das carroças
E de mulheres dominadas

Saudades do que não vi. Mas atiça!
É só minha mente em viagem!

Época de amores contratados
Homens fortes no comando
Mulheres de lábios fechados
Direito miserável e nefando

Bons tempos: Todas omissas!
Machismo! Que bobagem.

Eram os dias do jovem João
Em busca de uma companheira
Não mais o morde fronha do Tião
Nem mesmo a Ana rameira

Diziam do Tião: trivial, mas eriça!
Mas a Ana!.... Davumamassagem!

O simplório caboclo trepeiro
Ignorava estes termos atuais
Mas falavam alto no roceiro
Os instintos sempre iguais

O paero, o futibor, as muié, a missa
Eram simples os hábitos da paragem

João ouviu falar das filhas do capataz
Quatro moças, todas casadoiras
Pensou em seus botões: Vou atrás
Duas morenas claras, duas loiras

Tinha fama ruim: preguiça.
Mas era valente, tinha coragem

Indolente e ousado foi avante
Foi conhecer a futura esposa
Aquela que seria a eterna amante
E enfrentar também a velha raposa

Encantou-se com a mulata Cissa
Logo de início em sua abordagem

Na manhã de domingo o sol brilhava,
Na manhã em que foi recebido,
Pelo velho que dele não se agradava
E por sorrisos de esperanças e descabidos

É sempre assim: a bela ouriça
A fera força a frenagem

Questionado de maneira direta
Do porquê de inusitada visita
Foi firme e disse sua meta
Enamorara-se por moça bonita

O ébano que enfeitiça
Pondo a razão à margem

- Diga qual seu vagabundo?
Perguntou o homem rude
Com as mulheres ao fundo
Quatro no aguardo da atitude

Não estava a doce Melissa
Que caminhava na pastagem

Pensou, pensou e decidiu:
Minha musa é ela, a faceira
Apontando para Cissa, sorrio
Repetiu: é ela, é ela Sr. Moreira

Nem loira, nem morena: a mulata, a mestiça.
Escolheu entre as quatro da amostragem

Nada respondeu o zeloso pai
Foi direto à velha garrucha
João percebe e rápido se vai
Pela janela, forma esdrúxula

Instinto diz: foge logo desta liça
Embrenha-te na mata em folhagem

Atira o velho com a arma que não falha
Porém, pontaria ruim, sem precisão
Erra e grita - Réles canalha
Vou te matar, miserável cão!

- Com voragem minha nova esposa cobiça?
Agora cobiço tua pela com voragem!

quarta-feira, 13 de março de 2013

Reflexão do dia




Av. Monteiro Lobato


Um Crime de Mestre


Este um daqueles filmes que já assiste dezenas de vezes, mas sempre que está passando paro para ver mesmo sabendo o final. Tem no elenco Anthony Hopkins que dispensa apresentações.
O jovem promotor Willy Beachum (Ryan Gosling) se prepara para um salto em sua carreira, mas antes de deixar a promotoria é enviado para uma última audiência, onde seria um caso fácil em que o acusado Ted Crawford (Anthony Hopkins)  havia confessado o crime (atirado na esposa) e tinha a arma, mas acaba sendo surpreendido no julgamento.

Ano: 2007
Direção: Gregory Hoblit

Elenco:
Anthony Hopkins.... Theodore "Ted" Crawford
Ryan Gosling.... William "Willy" Beachum
David Strathairn.... Joe Lobruto
Rosamund Pike.... Nikki Gardner
Embeth Davidtz.... Jennifer Crawford
Billy Burke.... Lt. Rob Nunally
Cliff Curtis.... Detetive Flores

UM CRIME DE MESTRE

terça-feira, 12 de março de 2013

Valores inversos


É estranho como os preconceitos se apresentam na Sociedade. Uma das formas que este dragão de milhares de cabeças se apresenta é no direito à prisão especial, ou algo que valha, a quem tem formação superior (não entendo de leis para dizer os termos corretos, e, de fato, nem me interessa, pois o que importa mesmo é o fundamento do que vemos nos noticiários com relação ao tema).

A questão é que pessoas com formação universitária têm privilégios após cometerem crimes. Mas, um homicida com títulos acadêmicos é menos criminoso que um homicida sem formação?
Talvez em sua sociedade onde as leis são feitas pelos sócios privilegiados isto seja o correto, pois um cidadão distinto tem o dever de defender os seus compares.

Isto não é justiça!

Isto na verdade é uma grande inversão de valores. Homens confundindo a massa com suas teorias de superioridade que diz que um criminoso com diploma em um quadro emoldurado em dourado pendurado em uma bela parede azul não é verdadeiramente mal; quem sabe tão somente uma vítima das circunstâncias.

Vítima também?

Todos os casos têm de serem analisados em suas peculiaridades, mas no que toca ao genérico, definitivamente, não.
Não mesmo?
Não devem ser tratados diferentes os criminosos em suas diferenças?
Uma coisa eu sei: do princípio de igualdade estabelecido na constituição extraiu-se que todos devem ser tratados de formas desiguais em suas desigualdades. Exemplo: por este princípio o Estado dá advogado a quem não pode pagar, tratando de maneira diferente um cidadão, digamos, dando um “privilégio”.

Então, por este princípio os criminosos também têm de serem tratados em suas desigualdades no que diz respeito à prisão. Mas não como atualmente dando mais privilégios a já privilegiados.
Alguém que teve todas as oportunidades, todas possibilidades de se desenvolverem em suas potencialidades; enfim tudo que grande maioria da sociedade não teve, deve ser cobrado mais que os demais.

Oras! Alguém que teve direito a sonhar e crer nas realizações destes, contra alguém que, em muitos dias e noites tinha de dormir para esquecer a fome;
Alguém que teve a oportunidade de aprender, conhecer, formar-se, contra alguém que tem, quando muito, a ridícula escola pública que até parece querer desestruturar a massa, ou torna-la mais massa ainda;

Alguém que teve as melhores influências, contra quem teve somente as leis das ruas;
Alguém que teve segurança para se desenvolver, contra quem, em certos casos, não teve nem onde morar.
Enfim, um cidadão que teve tudo para dar certo como Ser Humano, contra alguém que não teve nada, ou muito pouco.

Ante um crime de mesma natureza quem é, de fato, o mais criminoso? O privilegiado ou o outro?

Então, está na hora de se inverter os valores, digo trazê-los à transparência e à justiça verdadeira, e cobrar mais de quem recebeu mais.
Se isto for impensável por enquanto, ao menos se equacione o que der e cobre-se de forma igual, e esqueça-se, neste caso, a desigualdades dos desiguais.
E acabe-se com este privilégio tão vergonhosamente preconceituoso lançado oficialmente a Sociedade.

(AEM, 12/03/13)

segunda-feira, 11 de março de 2013

Das vezes em que não se pode fugir de si

Às vezes invejo o girassol

Que sempre busca a luz

Às vezes sinto pena

Pois, por vezes, ...

Por vezes um pouco de trevas

Somente um pouco,

Por vezes se faz necessária

Por vezes luzes

Cores, claros, matizes

Devem sumir

Devem deixar vir

Um pouco de negro

Deixar vir um pouco

Somente um pouco ...

Somente um pouco de trevas.


(AEM, 2007)

CONEXÕES

Mão com crucifixo
Xilogravura - 2013

Estou participando dos projetos do Atelier Conexões que, a princípio são três em andamento: o lançamento do logo do atelier em março, SP Estampa em abril e uma exposição em Embu das Artes, provavelmente em agosto. Ao lado dos meus amigos Adriano Gambim, Sérgio Andrejauskas, Nina Abreu, que conheço a mais ou menos dois anos, e do argentino Nelson Maldonado que conheci a pouco tempo, estou tentando concatenar idéias e tempo para produzir desenhos, gravuras e o que mais for possível aproveitando os intervalos que sobram da SAAV e Faculdade.
Para esta primeira etapa, produzir pensando o significado de conexões, fui para um lado mais abstrato de nosso mundo e estou buscando coisas da alma, coisas profundas em nosso Ser. E nada é mais profundo que o Amor, seja nos relacionamentos humanos ou divinos; e como simbolismo vi nas mãos o que pode trazer estes significados com mais simplicidade. Mãos que se tocam com almas se desejando ou mãos postas buscando o Divino em orações. Gestos simples e poderosos.
Um toque de uma mão sobre outra pode dizer a um coração mais que longos discursos.
Um toque de amor não mente jamais; assim como mãos estendidas em oração traduzem perfeitamente o estado de espírito de uma pessoa.
Com isto vão minhas mãos cortando madeiras e enchendo se de tinta em meu jeito sem muitos cuidados, não por distração, mas por opção, e tentando dizer o que sinto em cada momento, em cada corte, cada traço. Não me importo com resultados bons ou ruins enquanto estou produzindo, mas depois... Mas que sejam o que tiverem de ser, pois acima de tudo sou eu em meu modo e meu tempo, meus medos e minha fé, minhas angústias e angústias.
Sou eu nas abstrações de minha alma.

Atelier Conexões

domingo, 10 de março de 2013

Xilogravura - Olhar por sobre o ombro

Olhar por sobre o ombro - 2012
(Matriz: 26 x 56 cm)
Assentar-se em pseudopoderes
E renegar os pudores

Pudores são para os fracos.
Mentir descaradamente e mentir, mentir, mentir
Que seja esta a verdade!
Verdade é uma questão de repetição, repetição, repetição, repetição, repetição, ...
Sugar o mel, a história, tradição e tudo o que for possível
E que se esqueça a ética.
Ética é tão somente mera desculpa inventada pelos imbecis.

(AEM, 2012)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Metropolis

Ano: 1927

Diretor: Fritz Lang

Roteiros: Thea Von Harbou
Gustav Fröhlich, Brigitte Helm, Alfred Abel, Rudolf Klein-Rogge, Fritz Rasp, Theodor Loos.
Obra-prima do expressionismo alemão. Um dos filmes mais importantes da história.
Este filme impressionou tanto Hitler que o Führer convidou o diretor Fritz Lang e a esposa dela, Thea Von Harbou, que foi quem escreveu o filme, para fazer filmes de propaganda nazista.
Leng se recusou e exilou-se nos EUA, até porque foi traído pela esposa. Além de ser flagrada pelo marido Thea se manteve fiel ao nazismo, por isto com o fim da guerra e a vitória aliada foi presa pelos britânicos. Foi solta em 1946 e ajudou na reconstrução da Alemanha.
 
METROPOLIS
 

terça-feira, 5 de março de 2013

História de sempre

A Secretaria de Cultura possui uma série de painéis que narra um pouco da história da cidade de Guarulhos. Esta série intitulada Iconografia da Cidade, é formada por quinze painéis que, com imagens e textos mostram uma Guarulhos que parece que nunca existiu, mas que fotos e narrações dos que a conheceram testemunham toda a vivacidade de um passado que nem é tão distante assim.
Um destes testemunhos vem do artista guarulhense Dairo que através do que vê em fotos e pelas próprias rememorações traz cores a estas histórias, quase todas demolidas em nome do futuro.
Mas fica a pergunta: que futuro, que progresso é este?
O trem, metrô, ou seja lá o que se quer hoje foi descartado e desativado em décadas idas; das estações sobrou uma quase desconhecida mostra na praça IV Centenário, onde um trem desprezado e pichado reforça uma história que quase todos que trafegam nos ônibus pela região desconhecem; da antiga estação da Vila Galvão nem o nome da rua ficou, pois esta foi batizada em homenagem ao Sr. Vicente Melro; não questiono a homenagem ao Sr. em questão, mas fica o registro da tentativa de se apagar os últimos rastros do que foi vida um dia e que hoje é mero sonho que, aparentemente, querem reviver (ou não), ou seja, recolocar a cidade nos trilhos. Discuti-se nas mesas os interesses de hoje que mais interessam (sic) quando se fala neste assunto.
Quais desinteresses irão vencer? Ou melhor: está vencendo?
Além dos trilhos arrancados, as olarias, os casarões, as fazendas, as estradas de terra, enfim tudo, em um momento se transformou e surgiram fábricas, avenidas, poluição e trânsito; shoppings, edifícios, consumo e excessos.
De todas, a pior metamorfose é o das estradas feitas para bois e carroças que se transformaram em nossas avenidas, que para o trânsito de algumas décadas passadas eram mais que suficientes; hoje, no entanto, são gargalos, aparentemente sem solução. Andamos hoje com carros com força de centenas de cavalos, mas que andam com velocidade de velhos pangarés pelas avenidas estreitas e sem alternativas.
E o futuro?
Este aponta para o caos em meio a tantos e tantos condomínios que se erguem em todos os cantos da cidade. A paisagem que se transformou com a chegada das indústrias nas décadas de 60 e 70, tornando Guarulhos em cidade progresso, agora vê novo salto apontando para uma verticalização que tende a uma saturação de todos os sistemas de uma cidade despreparada para crescer. E todo mundo sabe disto, exceto os administradores que vivem a decidir em segredos, cantos, bastidores, noites.
A demolição do Casarão Saraceni é somente uma ponta do que vem por aí: derrubar paredes para construir lucros para poucos; assim como no passado, quando os trilhos foram arrancados para satisfazer alguns em detrimentos da sociedade.
Enfim, seja em que época for, interesse particular, descaso e falta de visão parece ser tudo o que temos.

A história sempre ensina, mas parece que somos péssimos aprendizes.

(AEM, 2012)

Terra em transe

Se há um filme que todo mundo deveria assistir é Terra em Transe do genial Glauber Rocha, mesmo que seja para voce dizer que não gostou e que o filme é uma droga, como todo filme nacional. Óbvio que não concordo.
Simplesmente Asssista!

Elenco: Jardel Filho, José Lewgoy, Glauce Rocha, Paulo Autran, Paulo Gracindo, Francisco Milani, Hugo Carvana, Jofre Soares, Danuza Leão.
Direção:  Glauber Rocha.

Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Cannes - 1967

TERRA EM TRANSE


Qual o sentido da coerência?
Dizem que é prudente observar a História sem sofrer.
Até que um dia, pela coincidência,
As massas tomem o poder…


Ando nas ruas e vejo o povo fraco, abatido,
Este povo não pode acreditar em nenhum partido.
Este povo cuja tristeza apodreceu o sangue
Precisa da morte mais do que se pode supor.


O sangue que em seu irmão estimula a dor,
O sentimento do nada que faz nascer o amor,
A morte enquanto fé e não como temor.


(trecho de Terra em Transe , 1967 – Glauber Rocha
No filme é dito por Paulo Martins (Jardel Filho)

Alma anarquista



Nada mais doce que ter alma anarquista;

Nada mais ácido que ter alma anarquista.

Danem-se ordens, patentes, hierarquias, idiotias humanas.

Dane-se conceitos, preceitos, preconceitos.

Porque há uma ordem que não se vê facilmente,

Que atropela as ignorâncias, arrogâncias e as ânsias de poder,

Mas que, por vezes, sorri para as petulâncias.

Que certamente sorri para a mais doce das petulâncias.

A petulância de ser alma livre.

(AEM, 2013)