quinta-feira, 14 de março de 2013

VORAGEM E COBIÇA

Há alguns anos em um grupo de discussão do Yahoo! foi colocada uma proposta de se escrever textos em que se usasse as palavras "voragem" e "cobiça", aqui o resultado do que eu fiz em um dia em que estava de bom humor.
 

Homens rudes das roças
Em décadas passadas
Aqueles dias das carroças
E de mulheres dominadas

Saudades do que não vi. Mas atiça!
É só minha mente em viagem!

Época de amores contratados
Homens fortes no comando
Mulheres de lábios fechados
Direito miserável e nefando

Bons tempos: Todas omissas!
Machismo! Que bobagem.

Eram os dias do jovem João
Em busca de uma companheira
Não mais o morde fronha do Tião
Nem mesmo a Ana rameira

Diziam do Tião: trivial, mas eriça!
Mas a Ana!.... Davumamassagem!

O simplório caboclo trepeiro
Ignorava estes termos atuais
Mas falavam alto no roceiro
Os instintos sempre iguais

O paero, o futibor, as muié, a missa
Eram simples os hábitos da paragem

João ouviu falar das filhas do capataz
Quatro moças, todas casadoiras
Pensou em seus botões: Vou atrás
Duas morenas claras, duas loiras

Tinha fama ruim: preguiça.
Mas era valente, tinha coragem

Indolente e ousado foi avante
Foi conhecer a futura esposa
Aquela que seria a eterna amante
E enfrentar também a velha raposa

Encantou-se com a mulata Cissa
Logo de início em sua abordagem

Na manhã de domingo o sol brilhava,
Na manhã em que foi recebido,
Pelo velho que dele não se agradava
E por sorrisos de esperanças e descabidos

É sempre assim: a bela ouriça
A fera força a frenagem

Questionado de maneira direta
Do porquê de inusitada visita
Foi firme e disse sua meta
Enamorara-se por moça bonita

O ébano que enfeitiça
Pondo a razão à margem

- Diga qual seu vagabundo?
Perguntou o homem rude
Com as mulheres ao fundo
Quatro no aguardo da atitude

Não estava a doce Melissa
Que caminhava na pastagem

Pensou, pensou e decidiu:
Minha musa é ela, a faceira
Apontando para Cissa, sorrio
Repetiu: é ela, é ela Sr. Moreira

Nem loira, nem morena: a mulata, a mestiça.
Escolheu entre as quatro da amostragem

Nada respondeu o zeloso pai
Foi direto à velha garrucha
João percebe e rápido se vai
Pela janela, forma esdrúxula

Instinto diz: foge logo desta liça
Embrenha-te na mata em folhagem

Atira o velho com a arma que não falha
Porém, pontaria ruim, sem precisão
Erra e grita - Réles canalha
Vou te matar, miserável cão!

- Com voragem minha nova esposa cobiça?
Agora cobiço tua pela com voragem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário