sábado, 21 de dezembro de 2013

Amor: uma questão de alma

Refletindo um pouco sobre a maior de todas as questões da alma: o Amor. Mas vou me ater ao amor humano; deixo por enquanto o Amor Divino. Amores humanos,  estes que já eram tema de Sócrates e Platão. Talvez tenha sido por todos os dez mil anos do Homem; talvez antes.

Creio que os cientistas, se não fossem tão pragmáticos, diriam que o Amor é questão desde que se formou a primeira célula no planeta; por sua vez os religiosos dizem que o amor existe para a alma desde que Deus tomou uma costela de Adão.


Mas deixo o pragmatismo porque Amor não é para racionalistas; está longe de ser ciência exata e penso que até os religiosos, que estão um grau acima dos cientistas estão longe de entendê-lo, porque amor é, definitivamente, a mais nobre manifestação da alma. Por isto humanos, tolos ou sábios, não conseguem entendê-lo de fato sem um quê a mais em seus currículos, que é senti-lo em seus aspectos mais profundos. Se nós o entendêssemos em verdade não teríamos tantos dissabores, lutas e preconceitos, principalmente com questões de sentimentos. Um Ser olharia outro e veria um igual, pois veria, antes de tudo, alma, pois os que amam sabem que amam porque somente a alma é capaz de amar.



A paixão - uma espécie de amor, que fala mais aos sentidos, e que se mescla com coisas da natureza física, que ganha em intensidade, em furor, apesar de perder em essências - poder-se-ia dizer que é como o furacão em sua voracidade, mas que está longe de ser como Amor que é como o tempo; que é eterno e que supera até os piores estragos das piores tormentas.

Esta questão Amor-paixão confunde. Juntando-se a isto a necessidade de perpetuação da espécie, que nos casos particulares, através da história da civilização, fez com que se tornasse perpetuação de povos, etnias, castas, de família que não deveria “degenerar”, etc., fez-se, e faz-se ainda, todos os conflitos, sejam de sociedades inteiras, sejam no íntimo do individuo. Dai surgem todos os preconceitos e dores sociais, pois parece que ainda não se percebeu que o Ser Humano não ama apenas para procriar semelhante, mas que ama pelo próprio amor. Ama o amor que não vê coisas físicas, mas alma. Porque Amor é verdadeiramente uma manifestação da alma. Amor é essência plena. Amor é o que é: simplesmente incompreensível para conceitos que não venham da alma.

(AEM, 2013)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O poder da auto-sugestão

Recentemente tenho estudo o poder da auto-sugestão, mas nesta vida nada como uma aula prática, com direito a requintes de crueldade. Ontem tive minha aula. E digo: foi terrível.
A história começa na verdade há duas semanas quando tomei o chamado capote, tombo, ou digamos, fui à queda. Cai feio.

No calor daquele momento pensei que tinha machucado somente o orgulho, mas com o passar das horas constatei que tinha sido pior. Mas fui melhorando aos poucos. Porém não como eu pensava que teria de ser. Para ser sincero comecei a pensar que a coisa era muito mais grave que eu imaginava.
Então, em plenas férias fui passar um dia no PS de um ma-ra-vi-lho-so plano de saúde.
O impacto inicial foi de fato me sentir integrado como se tivesse em um PS do INSS (ou SUS) com todos os esses de direito: todas Maria’S, todos José’S, todos os Antonio’S, todos os Edson’S, etc...pareciam estar ali.
Bem! Esqueça este detalhe, enfim, isto não era o pior que o dia me reservava.
Depois que o médico chamou o paciente 177 (ou seja: eu), isto depois de algumas horas, fui ao encontro do Dr.
Primeiro contato rápido. O médico me ouviu com atenção e pediu raio-X.

Fui.
Raios-X em pé, deitado, frente e verso.
Voltei para as conclusões do Dr.
- Você está com a coluna cervical deslocada. - Na verdade está tanto que qualquer um pode ver.
- Você sente dor no pescoço?
Pediu-me para movimentar o pescoço de lado, pro outro, pra frente, pra trás.
- Dói?
- Não.
- Você não sente nada?
- Não. Normal.
- Vou pedir tomografia.
Feito o pedido lá fui eu para as duas piores horas da minha vida.
Tomografia pra mim já vem com um rótulo: está ferrado!
Fiz a coisa: entrei naquela coisa girando e me scanneando. Eu e todos as minhas dores sendo caçadas em detalhes pela coisa.
- Tô ferrado de verdade! A coisa provaria isto.
Terminado o exame fui informado que teria de esperar duas pelo resultado.
Para não ficar em meio à agitação do PS fui pro carro ler o texto para fazer uma dissertação que tenho de entregar hoje.

Mas, como me concentrar em Jacques Le Goff com possibilidade de estar verdadeiramente ferrado?
Então senti que meu braço esquerdo estava um tanto dormente. Minha cabeça estava estranha. Buscava uma posição melhor para que minhas costas não doessem.
Le Goff. Mas não rolava.
Será que eu teria de fazer cirurgia?
A ultima vez que fui em um ortopedista, fui pensando que tinha uma simples torção e acabei com uma placa e sete parafusos. Seis destes ainda me acompanham.
E agora, então? Cirurgia de novo? E esta seria muito pior.
Meu braço pareceu adormecer um pouco mais. Virei-me de lado porque meu ombro estava doendo.
Jacques Le Goff. Documento/Monumento.
Mas não rola mesmo.
Fiquei lá no carro tentando encontrar uma boa posição pra ficar. Mas nada resolvia.
Mas nos dias de hoje em que o tempo parece voar até as duas horas eternas passaram e fui em busca de meu diagnóstico, que pra mim àquela hora tinha sinônimo de condenação.
Após alguns percalços para pegar o exame que não valem registro levei o resultado para o médico que por ser PS, portanto plantão, havia sido trocado.
Entreguei meu atestado de condenação para o novo Dr. analisar.

Meu braço ainda dormente, minha cabeça estranha. E o médico lendo indiferente o resultado.
- Isto não é nada.
Desvio na coluna?
- Você deveria ter tratado quando era criança.
- Você não tem nada. Vou passar um medicamento pra você.
Engraçado. Muito engraçado.
Senti-me como se uma tonelada tivesse sido tirada de cima de mim.
Meu braço dormente. Não estava mais.
Minha cabeça um tanto estranha? Não estava mais; ao menos fisicamente.
Peguei o carro achando graça de tudo. Encostei-me no banco que de fato não me incomodava em nada.
Fui pra casa. Depois venci a preguiça e mesmo debaixo de chuva fui pra aula.
Eu de fato me machuquei, mas o que conta mesmo é meu estado mental. Sei, mais do que nunca o poder da auto-sugestão.

Ela funciona mesmo. O problema é que temos uma pré-disposição absurda de somente nos concentrarmos no pior. Agora conheço com convicção, pela prática, aquilo que já conhecia pela teoria, que é o poder que temos.
Mas o mais irônico é que várias vezes já havia experimentado sucesso embasado na força da auto-sugestão. Sabia disto, pois assim havia planejado, mas é certo: aprendemos sempre muito mais com a dor.
Por falar em dor tenho de confessar que fui pra casa sentido dor e não por mera auto-sugestão, mas pela injeção que o médico me receitou que a enfermeira delicadamente disse que teria de aplicada no bumbum.

(AEM, 2013)

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Insólito diálogo em um instante surreal

Hoje surpreendi um estranho diálogo entre meu salário e o mês de Setembro.

Poeticamente Setembro disse:
- Salário este mês dar-te-ei a oportunidade de transformar-te em flores.
Seguir os perfumes nas ruas, praças;
No entorno do Lago;
Verás minhas cores, meus odores, minha doçura;
Comemorarás as árvores em seu dia,
Que trago em mim, quando a Primavera chegar.

Ignorante meu Salário perguntou:
- Que dia é este em que a Primavera chegará, pois jamais vi este mítico dia.

- Oras, Sr Salário, este ano trarei ao hemisfério sul a primavera no dia 23, mas todos  os anos comemoraremos as árvores no dia 21. Todos sabem disto.

Triste, Salário vaticinou:
- Não viverei para ver este dia Sr. Setembro; muito antes terei perecido.
Jamais vi o Sr. trazendo as flores e esta tal doçura.

Consternado Setembro baixou triste a cabeça e murmurou:
- Sinto muito.

Revoltado o Salário calou por um instante para bradar
- HIPÓCRITA!

Diante do pobre mês que de fato estava ressentido o irritado Salário continuou
- Sabes que é muito maior que eu e me vem com poesias, flores e ... – calou por um instante para prosseguir sussurrando - ... doçura...
És de fato um grande hipócrita, Sr Setembro. Não apenas o Senhor, mas todos os meses do ano.

Envergonhado o mês presente, apenas conseguiu balbuciar:
- Realmente sinto muito, Sr. Salário, mas desde que nos inventaram tivemos este espaço de tempo para cumprir. Juro Sr. Salário, se pudesse ficaria menor para poder ajuda-lo, principalmente porque todos tem o direito de caminhar pelo entorno do Lago sentindo meus efeitos. Mas, infelizmente nada posso fazer.

Profundamente humilde o mês olhou fundo nos olhos semimortos do Salário e suplicou:
- Perdoai-me...

Neste instante mágico do diálogo, pude notar uma única lágrima correr pelos olhos econômicos do humilhado e pragmático Salário. Então, virou-se e me viu. Voltando-se novamente para Setembro e sem conseguir encarar o gigante, de olhos baixos, quase sem forças murmurou:
- Eu é que devo suplicar perdão, Sr Setembro.
- Não! Não se culpe Sr. Salário. Entendo sua tragédia. – Falou Setembro, tentando consolar o amigo.

Refeito de sua queda o Salário mostrou-se um pouco espiritualizado
- Sr. Setembro não verei a Primavera que trarás em teus braços e entregará ao mundo, pois irei perecer muito antes, mas renascerei em Outubro – a partir deste momento o Salário elevou-se e prosseguiu, até com um quê de euforia – e caminharei pelo Lago, ruas alamedas, verei flores, belos beija-flores sobrevoando as árvores plenas de cores. Irei perecer novamente em meios as flores para novamente ganhar vida em Novembro. A mesma sina irá me seguir neste mês também, mas enfim ...

Depois vi o antes melancólico transfigurar-se em irônico
- Não! Jamais vi o nascer da Primavera, mas sempre estive lá para vê-la sucumbir ante o Verão, pois em Dezembro sinto-me revigorar em dois e então sou maior que o mês, embora isto aconteça somente algumas vezes. Verei tua cria sucumbir e ela não renascerá no mês seguinte. Eu serei, de fato, o grande vencedor do ano.

Salário, antes de voltar-se para mim novamente, apenas disse adeus a um Setembro que parecia nada entender. O próprio Salário sabia que suas últimas palavras não eram tradução de nenhuma realidade fosse poética, teórica e tampouco para uma realidade materialista, aquela em que vive.

O revoltado, que antes se sentia pequeno diante do gigante, engrandeceu-se em razão e gritou de olhos fixos nos meus:
- A culpa é única e exclusiva sua!  Por que, ao invés de ficar aqui ouvindo esta conversa, você não deixa de comodismo e vai estudar para o concurso? Seu grandessíssimo vagabundo!

Depois de refletir sobre este tétrico diálogo e diante de tão verdadeiro (e cruel) argumento jogado a mim pelo Ninho (como me refiro a ele na intimidade) me virei e pus-me em busca de meu material de estudo.

domingo, 1 de setembro de 2013

Muito estranho o nosso mundo, onde uma pessoa usa muito mais energia em tentar destruir o outro e demolir outras construções, que em construir para si mesmo e para o meio em que vive. 
Até entendo, enfim é fácil ensaiar a frieza e dureza da pedra; difícil é ser sutil e lúcido, como a alma clama.

(AEM, 2013)

terça-feira, 30 de julho de 2013

Libertas Quæ Sera Tamen

Hoje parei e me fixei nas paredes de meus sonhos, idéias, ideais e tudo o mais. 
Ah! E o que vi? 
O que vi?
Talvez seja melhor perguntar o que não vi. Não vi avanços. Não vi caminhos. Não vi nem os ideais que me sempre foram tão caros. Sonhos? Estes estavam lá, digo, estão lá. Isto é o que ainda me faziam levantar depois das noites que eram mais de devaneios. Delírios mesmo, por vezes. Mas de sonhos não se constrói futuros; estes só dão os ingredientes para as ações, para os passos; para as lutas.

Mas, com minhas idéias em letargia; meus ideais adormecidos, que mais parecem querer sonhar também; com minhas metas cheias de desvios e sem apontar um final, era muito difícil construir seja lá o que fosse. 
Mas por um instante olhei fixo para aquelas paredes …

- Ah! Deus 
Senti um arroubo - talvez fosse o que me faltava - senti um desejo enorme de derrubar tudo o que via. Quebrar tudo: tijolo por tijolo daquela maldita cela. 
Cela! Oras! Agora percebo que vivia em uma cela: eu, nobre prisioneiro de meus pudores. Senti algo fluir por mim, como se a correr por minhas veias, senti um desejo enorme de andar, correr, voar. Senti-me como se a maldita Medusa que me transformara em um ser inerte desabasse ante meus pés.
Pisei-a. 
E me dei conta do universo que abria e se revelava no mais íntimo em mim. 
Sonhos! Estes ainda estão lá. Estão na sombra do amanhã.

Mas num arroubo de desespero encontrei o hoje. Num momento de delírio encontrei a paixão. 
E o que é a paixão? 
A paixão é a maior escravizadora de homens. 
A paixão leva homens à cruz, às guerras, ao martírio. 
A paixão é fogo que arde e quer incendiar tudo. Não há o que se fazer quando ela cai sobre o homem. Mata-se, rouba-se, enlouquece-se. 
Se um sonho pode ser esquecido ou virar mera fantasia; uma paixão tem de se tornar realidade, ganhar vida. 
Se um desejo pode até ser relegado; a paixão jamais, jamais retrocede, ela é obstinada. 
Se uma vontade pode parar na fraqueza; a paixão já nasce da força. 
Se o amor é altruísta; a paixão é por demais egoísta, possessiva. 
Foi ela que caiu hoje sobre minha cabeça e me fez derrubar as paredes que demarcava os limites de minhas fraquezas. 
Por onde ele me levara agora? Sei lá. O que sei é que ela me libertou.

(AEM, 2005)

sábado, 20 de julho de 2013

UM CASO DE FÉ

Um guarda florestal seguia sua rotina: ir à noite ao posto para seu plantão; como sempre fazia, cruzando os caminhos de bicicleta.
Em um certa noite, aparentemete comum, enfrentaria uma das encruzilhadas de seu destino.
Após um certo percurso percebeu que a sua frente havia leões, e para evitá-los entrou em uma trilha no intuito de fugir das feras sem ser percebido. Vendo-se livre não notou que naquele outro caminho havia duas leoas. Quando se deu conta já era tarde. Uma das leoas o atacou. Ao cair, levantou-se rápido na tentativa de alcançar um lago que ficava próximo, pois acreditava que as leoas não o atacariam nas águas, mas não conseguiu.
As feras o derrubaram e começaram a arrastá-lo pela perna.
Sabia que ninguém o ouviria se gritasse. Nada e ninguém neste mundo poderia salva-lo.
Entregou, então, sua vida nas mãos de Deus. Pôs-se a orar. E o milagre se deu: as leoas o deixaram.
Encontrado ferido apenas nas pernas estava mais vivo do que jamais fora.
Esta história é real. Vi em uma reportagem de tv. Impressiona as cicatrizes que ficaram na perna do homem. Porém maior que estas marcas, o que realmente impressiona é a fé que ficou cravada no coração do guarda. Pois a reportagem sobre ele finalizou com o homem seguindo o mesmo caminho para seu posto, enquanto afirmava que nada temia, porque sabia que Deus o estaria protegendo.
A normalidade para as pessoas em casos extremos de “stress” é ficarem traumatizada, o que contrasta com a história do guarda africano. Mesmo saindo ilesas de situações de risco, as pessoas agradecem a Deus pela vida, mas quase sempre levarão no íntimo o medo de reviverem as tragédias.
A diferença está em apenas crer em Deus, caso comum a todos; e realmente possuir a Fé, como no caso do guarda.
E fica uma questão: qual teoria cética seria capaz de demover a crença deste homem e de tantas outras pessoas que passaram por momentos extremos e estão aí para contar suas histórias?

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Minuto de silêncio


--------------Minuto de silêncio--------------

-----------------------MI-----------------------
----------------------alma----------------------

a----------------------NÚ-----------------------
----------------------alma----------------------

-----------------------TÔ-----------------------
----------------------alma----------------------

-----------------------DE-----------------------
----------------------alma----------------------

-----------------------SI-----------------------
----------------------alma----------------------

a---------------------LEN----------------------
----------------------alma----------------------

----------------------CIO-----------------------
----------------------alma----------------------

------------Mi-nu-to-de-si-lên-cio------------

(AEM, 2013)

terça-feira, 21 de maio de 2013

PENSAMENTOS

Hoje o vento soprou a brisa, um ar tranqüilo, calmo e sereno.
É como se a paz pudesse tocar meu coração...
Neste êxtase pleno você apareceu e minha alma foi tocada...
Tocada por um anjo; por um instante passou e pude perceber um pouco do que era
Não sabia se era real ou sobrenatural, se estava dormindo ou acordada!
Um sonho bom se transformava; quem sabe talvez em realidade...
No decorrer do dia fui tocada novamente, senti o vento soprando e tudo passou diante de meus olhos...
O que pensar deste instante? O que esperar?
O vento que toca o seu rosto esfria sua pele e aquece seu coração...
Senti em meu rosto a brisa me tocar, pensei que era um anjo a me olhar, ele se aproximou, me olhou e com um toque suave me beijou...
Os dias se passaram, os tempos passaram e tudo que parecia sobrenatural, nada mais era do que real...
Não entendi como tudo aconteceu, mas com certeza ao fechar os olhos pude sentir o calor dos seus beijos e o seu corpo abraçando o meu.
Mas será que um anjo apareceu?
Tudo estava certo, tudo previsto, era chegada a hora, em algum lugar estava escrito...
Naquele dia nosso encontro marcaria muito mais que uma etapa em nossas vidas...
Se foi bom, só o tempo diria, mas quem sabe? Quem saberia?
Quando? Como, talvez, retornaria? Quando sentisse novamente a brisa do vento a te tocar, naquele instante saberia que de alguma forma ele retornaria, e poderia sentir novamente o gosto dos teus beijos e o calor de seu corpo, e enfim lhe diria que junto de mim ficaria...
E já não mais te via, te sentia como magia, mas sim como a brisa suave e intensa que contagia...
E o vento sopraria e traria novamente aquela brisa, e você apareceria, como sempre me diria que agora sim junto de mim para sempre ficaria...

(Solange Silveira 18/05/2013)

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Congestionamento e paz interior


São estranhas as pessoas no trânsito. Vêem-se soberanas em seus trajetos e melindres. Congestionam e fecham. Atropelam e não se importam. Hoje passei por um cruzamento complicado, mas apesar do congestionamento e fechadas consegui seguir meu caminho ileso.

Cruzei, mas não iria para casa. Fui até um parque perto para caminhar. Parque Francalanza. Lá tantas e tantas vezes fui caminhar com minha mãe. Lá mais uma vez fui para caminhar, mas desta vez estava só. O parque está diferente, pois foi reformado. Há uma trilha nova. Foi bom caminhar lá tanto por lembranças de minha mãe e por ter um novo caminho. Andei devagar. Fui pensando sobre os trânsitos e seus congestionamentos.

Andando pela nova trilha fui refletindo sobre como é bom encontrar caminhos novos. Refletindo como se pode sair ileso de trânsitos e viver a eterna possibilidade de se estar em um caminho tranquilo por mais fechadas e tentativas de te ferirem pelas urgências, por vezes, insanas e efêmeras.

Como é bom estar em paz mesmo ante tantas urgências efêmeras.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Nosso Tempo



Tempo que não sabemos quando... mas que chega...

Tempo que queremos e esperamos, tempo de vida, aquele em que nascemos, crescemos e tentamos sermos felizes.

Mas o que é a felicidade? E por quanto tempo ela pode durar?
Tempo sem respostas, ou respostas sem tempo...

A vida e o tempo, quando crianças sempre alegres, quando crescemos o tempo passa e tudo parece passar diante de nossos olhos rapidamente, sem ao menos termos tempo para “ sentir”, sentir o quanto nos faz falta o tempo de estarmos com alguém, de compartilharmos alegrias, tristezas, de estar presente nos pequenos momentos aqueles os quais apenas um sorriso diz tudo ,ou quase tudo!

Mas o que dizer sobre felicidade?

Felicidade de espírito, de estado ou de alma, é você que busca seu caminho e cria as oportunidades, mas será que nós criamos a tal felicidade?

Sim, talvez,quem sabe, somos um grande contribuinte, nesta longa caminhada dar o primeiro passo é quase um xeque mate, o tempo é como um jogo, se administrarmos bem nossa felicidade certamente chegará, mas se não ,do contrário passará por nossas mãos e desaparecerá como areia ao vento...

Imagine o relógio da vida, a cada segundo bem vivido a certeza de dias melhores..
Mas para o tempo tudo é possível, nem sempre este tempo é o mesmo de Deus, nem sempre somos felizes por completo,as vezes nos falta algo ou alguém...

Mas o tempo se encarrega de tudo o que precisamos ou alguém que nos complete..
Será então a felicidade?
Mas quem sabe, quem saberia?Eu , você, nós?
Felicidade é ter a paz de espírito, é saber distinguir entre o que é certo ou errado, é viver bem, estar alegre por ter tempo para viver ,é ser mais que feliz..
É ser você..., é ter você ....,ou alguém com você..., 

Tempo que se perde , ou que se conquista, felicidade que se tem ou que se ganha no decorrer da vida, amor que se vive ou que se transforma com a vida..

Vida sem tempo, tempo sem vida,
Felicidade além do amor, amor além da felicidade, tudo se pode,tudo se conquista quando se sente ou se quer transformar ..
Você transforma sua vida, você é o verdadeiro dono da felicidade, basta querer, basta entender o dom da vida que Deus lhe deu...

Você faz o show da vida ser bela ou trágica... feliz ou triste ...
Você apenas você pode traçar um bom caminho, ou o caminho pegará você !
Tempo que se transforma , ou você que transforma o tempo.
O que você espera deste tempo... ou o que será que este mesmo tempo espera de você ...

Não perca tempo, faça o que tem que ser feito, pois por pior que pareça , o tempo passa e não espera por você, decida agora, não pense nos segundos ou minutos, ele passa, escorre por suas mãos e você perde a oportunidade de ser realmente feliz...

Mas o que é felicidade então?
Felicidade é saber entender o quanto tempo você tem para ser realmente feliz!!
Quer saber o quanto? Não precisa, você saberá no tempo certo!
Tempo, felicidade, você, eu, nós, quanto???Ou quando?
Tempo de ser apenas feliz!

(Solange Silveira 05/05/2013)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Prêmio Literário BRASIL DE A a Z - Litteris Editora

Chegar em casa depois de um dia entediante é bom, chegar em casa com boas novas depois de um dia entediante é bom demais.
Foi assim comigo terça-feira.
Em um dia de trabalho sem muito a fazer, onde aproveitei para fazer dois desenhos (um índio e um detalhe de arquitetura), passei meu dia entre moscas e silêncio, entre alguns transeuntes e funcionários. Um tanto embotado fui para casa com a mente cheia de caraminholas e sem muitas expectativas de novidades para o fim do dia. Cheguei em casa em um estado de espírito tal que liguei meu notebook e fiquei no sofá tentado ver tv em meio as minhas navegações, sem disposição nem para tomar banho.
Quem sabe não poderia haver um vírus na net?
Mas o dia era véspera de meu aniversário. Merecia um presente. E este veio em uma divulgação no Facebook: lá estava a relação dos vencedores de um concurso literário com o meu nome (embora misturado com o nome de minha rua).
Com o texto Talvez haja futuro para a educação, texto que escrevi há um tempo atrás, um texto um tanto ácido que pensei que nem seria considerado, ganhei o concurso. Nada mal ter uma surpresa destas depois de um dia chato e véspera de aniversário.
Os textos vencedores e selecionados serão publicados em um livro que será lançado em setembro deste ano na XVI Bienal do Livro do Rio de Janeiro.
Desenhando para não pirar de vez

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Lábios de mel



Na boca que conta histórias
Sobre tudo, que se perde
Coisas, coisas, coisas
Que depois não se leva na memória

No sorriso que encanta
E clama por um beijo
Quero esquecer
Mas, nada mais vejo,
A não ser o desejo

O olhar convida
Sempre mais, mais, mais
Foi assim, desde o primeiro beijo
Que em nossa cumplicidade
Foi testemunhado pelo silêncio
Até o último
Testemunhado pela eternidade

(AEM, 2013)

UM CONTO DE RÉIS


Ainda moço, nos longínquos idos de trinta, o Vicente (Centinho, desde bebê), caboclo esperto, bão de prosa (como se dizia na época; assim contou meu pai) resolveu vender a Bandolera, uma vaquinha muito boa de leite, diziam a melhor da região. 
Não faltaram interessados na vaca da Dona Luzia (a verdadeira dona, consorte do Seu Centinho). Entres estes estava o Coroné Migué, o maior fazendeiro local, que foi até às terras dos donos da primorosa.
- Dia, Coroné!
- Dia, Seu Centinho!
- Que bãos vento troxe o coroné pra minha umirde terra?
- Tô sabeno que o senhor qué vendê a vaca da Dona Luzia. É verdade?
- É sim, coroné.
- Quanto o amigo qué pela Bordadera?
BORDADERA? O coroné RESPEITE minha muié.
- Discurpa home, mas num tô falano da sua muié. Tô falano na vaca da sua muié. Ela num chama Bordadera?
NÃO! O coroné é home valente, sei disso, mais eu num vô dexá o sinhô falá mar de minha Luzia! Minha Luzia bordadera!
- Discurpa, Seu Centinho, ma ...
- NUM CARECE SE DISCURPÁ! É mió o coroné issimbora de minha terra. Num vendo minha Bandolera pro coroné, nem por todo dinhero desse mundo.
- Discurpa, home. Foi um mar intendido. Pensei que a vaca chamava Bordadera.
- O CORONÉ TÁ DE BRINCADERA COMIGO?
- NUM TÔ NÃO, HOME! SÔ HOME DE RESPEITO I U CUMPADI DEVE SABÊ DISSO!
- Discurpa coroné, mais ...
- MAIS O QUÊ?
- Vamô mudá o rumo dessa prosa coroné!
-É mió memo, Seu Centinho.
- Mais ..., memo assim não tem negócio com o coroné.
- PRA NUM FICÁ DÚVIDA DÔ UM CONTO NA BANDOLERA!
- Bheinn! Nesse caso que o coroné tá mostrano que é home de horna, eu num posso dexá de dá valô pra isso; eu vendo!
Fez-se o negócio. O coronel, feliz da vida, levou a Bandolera para a Fazenda Monte Verde.
O Seu Centinho pegou o dinheiro e correu para casa. Tinha de falar com a mulher; e era urgente.
- LUZIA! LUZIA! LUZIA!

Mais o que tá aconteceno home pro cê ficá nesse berrero todo?
Muié, vai pra casa da sua mãe; e vai logo quo cê tem que aprendê bordá! 

(AEM, 2011)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Aquele momento


Aquele momento
Em que o tempo voa
E você nem se dá conta.

Aquele momento
Em que as palavras saltam
E você nem se dá conta do que disse

Aquele momento
Em que você ri e não sabe o porquê
Em que você diz que tem de ir,
Mas quer ficar

Aquele momento
Em que você perde toda a lógica

Aquele momento
Em que filosofia se transforme em ironia
Ironia se transforma em poesia
Poesia se transforma em disritmia
Disritmia se transforma em filosofia

Aquele momento
Em que tudo parece inverso
Que tudo parece disperso

Aquele momento
Em que o fundamental se torna banal
E o banal se torna fundamental

Aquele momento
Aquele momento
Aquele momento
...

(AEM, 2013)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Existem certos momentos em que você vê o quanto as pessoas podem ser prepotentes em suas ridículas vidas que não sabem se as terão no dia seguinte. Pessoas idiotas que querem esconder suas idiotias com atitudes de autopromoção, mas que deixam claro que tudo não passa de mero despeito e de pseudo-superioridade; pois, pessoas realmente grandes em talento, inteligência e moral, são aquelas que são vista assim por olhos alheios e não pelo próprio ego.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Considerações a respeito dos crápulas


No seriado Roma, que já assiste umas trezentas vezes, e que estava* acompanhando mais uma vez, tem uma passagem interessante. Na série, quando César invade Roma sai comprando apoio de todo mundo e nesta corrupção generalizada (parece até ser país da América Latrina) ele diz para oferecer uma grande soma aos clérigos, no que foi questionado pelo valor ser muito elevado. Ele justificou com um pensamento interessante, mais ou menos assim: “quero comprar o apoio deles, não alugá-los”.

Interessante 1.
Deve ser por isto que os crápulas que apóiam crápulas não os traem: são comprados com valores que lhes são acima do que poderiam recusar.
Interessante 2.
O estranho é que há crápulas fiéis comprados com valores muitos baixos. Bem! Crápulas nunca valem nada, por isto qualquer quantia paga já será um valor alto.
Interessante 3.
No mundo crápula os alugados são mais caros que os vendidos, porque quanto mais crápula...
Interessante 4.
Estou tão contraditório nos itens acima que nem eu chego a conclusão nenhuma, mas é que não entendo nada deste universo.

Curiosidade 1.
Um crápula não vale nada, já disse antes, então, como se determinam os valores da escória? Talvez no universo crápula não se paga por cabeça, mas por lucros que possam gerar. Quando César quis comprar apoio dos clérigos ofereceu grande soma por saber o que teria de retorno. Fica daí que quando se quer comprar em definitivo um crápula que pode gerar grande lucro tem que se estar disposto a pagar muito. O que normalmente vemos mesmo é o aluguel de canalhas, por isto as tantas trocas de partidos e aliados na política?
Curiosidade 2.
Quanto se pagou ao Maluf para deixar o Lula beijar-lhe as mãos?
Curiosidade 3.
Se aparecesse alguém disposto a pagar mais, a oferecer mais aos clérigos, eles mudariam de lado, abandonando César? Outras mãos seriam beijadas? Provavelmente, sim. Então, de fato, crápulas são apenas locáveis e não venais?

* Obs.: Outras vezes que assisti a série Roma (começo, meio e fim) foi em canal pago. Desta vez estava vendo em canal aberto, que a principio era às terças-feiras, mas depois passou para o sábado e depois não sei mais o que aconteceu com o seriado. Significa que TV aberta é verdadeiramente uma droga.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Arte




Arte que se cria,
Arte que se sonha,
No âmago sua essência mais profunda ou sombria.
Mas ainda me pergunto arte?
Arte pobre, arte nobre, arte que através de um olhar se faz viajar, contemplar ou amar...
O que seria do homem sem a arte?
Sobreviveria sem as cores?
Sem preto, sem o branco, sem flores, sem dramas, sem amores, sem a melancolia ou a alegria, mas quem sobreviveria?
O homem se realiza através da alma e por sua vez, a alma através da arte!
Um dia Deus realizou sua arte mais profunda, criou a terra com suas belezas e hipocrisias.
Assim o homem continuou a seguir seus passos... criando suas obras através da alma... onde tudo se cria.. se transforma.. onde a mais bela arte se faz  renascer a cada olhar fascinante de uma criança... de uma amante...
A  arte que se faz simples, mas marcante... a arte  que ninguém se explica, a arte de Deus, do homem e do mundo...
Arte simplesmente....Você!!

(Solange Silveira, 08/04/2013)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

É estranho, mas parece que as pessoas estão cada vez mais transparentes, pois por mais que se tente esconder intenções más atrás de doces palavras a verdade sempre se mostra.

domingo, 31 de março de 2013

Verso - Força                              Inverso - Forças
Xilogravura - 2013

Um cara disse um dia algo mais ou menos assim: “Amar a Deus acima de todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”.
“Eis toda lei e os profetas.”
Até onde eu sei a frase foi esta. Não teve senões como: se o cara for de origem romana, ou for fariseu, cananeu, ou seja lá de onde for não deve amá-lo. Se o cara fizer e agir de maneira que você não julgar corretas não deve amá-lo. 
O cara não pôs senões. Foi simples.
São assim as leis verdadeiras: não possuem parágrafos, itens ou alíneas.
Os senões e condições foram postos por pseudo-sábios e por pessoas que queriam, e querem ainda, controlar mentes por preconceitos, lucros e vaidades pessoais.
Esteja acima dos profetas e simplesmente ame o teu próximo.
Não somos carne e sentidos. Somos espíritos eternos.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Quem é este crucificado?


         Tanto falam de um crucificado, um martirizado que fico a me perguntar: quem é este?
Ouvi certa vez alguns atores que iriam trabalhar - e outros que já haviam trabalhado - na encenação da Paixão de Cristo discutindo a tal peça. Uma das atrizes comentou que se deve trabalhar o Jesus histórico; e disse isto em um tom de quem não crê no Cristo. Creio que o Jesus em que ela não acredita seja o Jesus místico; não houve aprofundamento sobre isto.
Porém, o que aquela moça parece não saber é que não existe este Jesus histórico; como história Jesus existe tanto como o Rei Artur, o Minotauro, a Alice (aquela do país das maravilhas) e qualquer outro personagem literário ou lendário, pois jamais houve constatação de historiadores acerca de Jesus Cristo*; o que existe de fato sobre Jesus são os quatro evangelhos e os demais livros do Novo Testamento. Há ainda os chamados evangelhos apócrifos. Toda esta obra foi escrita por seguidores de um tal profeta, ou coisa que valha; e estes escritos foram feitos décadas depois dos fatos que dão testemunho. Para complicar ainda, há o fato de que alguns destes escritores nem sequer O conheceram. Imaginem seguidores de Hitler escrevendo sobre seu mestre? O que sairia de tal obra?  Por enquanto não há bases históricas confiáveis sobre o Messias Nazareno.
Embora não haja esta formalidade histórica, no entanto, há no mundo cristão quatro datas por cada ano dedicadas a esta história sem corpo, aliás, há um corpo: o pão; e que não possui sangue (o vinho é Seu sangue), dizem ainda que este sangue tem poder; não possui nem uma pedra para recostar a cabeça, mas deita-se na eternidade. Há ainda um feriado dedicado à mãe dele. Criaram-se e criam-se igrejas pelos seus seguidores; criaram-se e criam-se estigmas por seus mais profundo conhecedores; criaram-se e criam-se santos de seus mais devotos seguidores. Fizeram-se e fazem guerras em seu nome; fizeram e fazem demagogias em seu nome.
Querem destroná-lo. Querem exaltá-lo.
Querem descrucificá-lo. Querem recrucificá-lo.
Querem odiá-lo. Querem amá-lo.
Querem. Querem. Querem...
Mas nada resolvem.
Apenas tentam, em vão, explicá-lo, seja como verdade, seja como mentira.
Mas, indo aos fatos.
No ano de 64 de nossa era, pegou, ou atearam fogo em Roma; dizem que o autor da façanha foi Nero, este por sua vez imputou a autoria aos cristãos.
Pergunto-me: quem, ou o que eram estes tais cristãos?
A partir deste episódio Jesus surge como história no ocidente, não com Ele próprio, mas por seus seguidores, isto trinta e um ano após sua morte e milhares de quilômetros da Judéia.
Estes, ditos piromaníacos, sofreram perseguições ácidas e suportaram torturas e mortes terríveis. Em troca de que aceitaram, resistiram e resignaram-se a tais sofrimentos? E como, apesar de tantos massacres nos circos romanos, esta tal crença sobreviveu? É uma ótima questão a ser resolvida se o tal ressuscitado não existiu.
Como fato curioso nestas questões é que toda filosofia em que se baseia o ateísmo e as doutrinas anticristãs têm de se firmar em crenças. Não há como se discutir teorias, história oral e metafísica sem uma boa dose de crenças; há um momento em que se terá de chegar a um ponto em que não dá para ir mais longe de forma empírica e terá de firmar na fé (ou na mais absoluta falta de fé). Esta mais absoluta falta de fé nada mais é que fé, digamos, às avessas. Ou acomoda-se e suspende-se o juízo. Isto é o que os fazem cair em contradição em suas pseudofaltas de crenças. Não há descrença, mas crença no contrário do que outros crêem, pois ninguém pode afirmar com convicções e fatos sobre coisas etéreas, coisas em que não há constatação científica. Em questões em que não há como fazer constatações empíricas, tudo se transforma em crenças.
Fé e ceticismo (fé dos “sábios”) são tão somente dois lados da mesma moeda.
Intelectuais, comumente, preferem a praticidade da dúvida; é bom, cômodo diria, pois a fé é letra morta para os que nada tem, principalmente cultura filosófica. Ou você já leu Nietzche? Não “possuir fé” é ser acima dos normais, do vulgo, do comum. Incrível! Porque não possuir fé é, de fato, ter um tipo da tal fé às avessas, mas as pessoas normalmente não se dão conta disto. Vale dizer que o ceticismo tem seu valor pela pesquisa mental do Ser e do Não Ser, enquanto a grande maioria dos crentes (em Deus, em Jesus, em religiões) tem sua base na simplicidade de crer sem muita justificativa, sem fazer perguntas sobre os porquês das vidas; ou a dor e os infortúnios o levam para um mundo em que somente um Deus poderia ser solução.
Assim é tratada a fé em nosso mundo, em nosso tempo. Talvez sempre tenha sido assim. Em nosso tempo, contudo, há um outro fator: a evolução tecnológica. A tecnologia nos faz pensar (ou crer) que superamos o tempo dos deuses, o tempo de Cristo, o tempo de Deus. Porém, li, há algum tempo, em uma das edições da revista Seleções que no início do século XX, pensadores e cientistas foram convidados a fazer previsões de como seria o mundo de hoje, e quase todos (segundo a revista) davam como certo que o cristianismo não chegaria vivo para o século XXI. O que dizer hoje? Quem apostaria no sepultamento do Cristianismo para o início do século XXII?
Mas, existe corpo para ser sepultado? Não, eis o grande problema dos céticos: os mártires e as ideologias são mais difíceis de matar, para tal é necessário um ícone maior e uma ideologia mais poderosa; e até hoje esta não surgiu. Torturam e mataram cristãos nas arenas romanas e estes ainda persistiram (porque tal resistência?). Hoje, matar e torturar não são mais permitidos, a não ser psicologicamente e moralmente (diga-se que estes também não são mais tolerados). Daí não resta mais nada a fazer senão, baseando-se em teorias e anti-fé (digo: fé às avessas), argumentar contra as igrejas e pessoas que processam uma crença. Óbvio que a crença em Jesus é o alvo predileto pelos os que neles não crêem, principalmente pelo que este representa em nosso mundo. E como não poderia ser diferente os crentes se defendem condenando os céticos; e condenam ao fogo eterno.
Isto para mim soa estranho, porque, atendo-me somente aos fatos, digo que vivemos em um mundo livre (ou não?). Por que as pessoas simplesmente não vivem e deixam viver? Fato: no plano em que se sai do material tudo passa a ser questão de crenças, e será assim até que haja constatação científica; portanto, sempre terá que ser posto acima de qualquer teoria ou pensamento o respeito à teoria e ao pensamento do outro; ninguém pode vir e dizer que, de fato, conhece a Verdade; deve ser esta a base para uma boa convivência entre as diferenças.
Contudo, por minha vez, deixo uma questão: porque a civilização ocidental, que foi construída com as bases dadas pela cultura grego-romana, que era pagã se tornou fundamentalmente socrática-cristã, ou seja, nossa sociedade que teria tudo para ser pagã acabou por ser embasada em dois personagens que, segundo muitos, não existiram, mas que reverteram o paganismo.
Nós não vemos a luz, mas somente seus efeitos, mas não podemos negar sua existência; minha crença é que este tal crucificado de que tanto falam seja como a luz.
Como duvidar da força do espírito que suportou torturas, fogueiras, a cicuta e a cruz? E que ainda persiste?

* Em verdade existe uma citação pequena, sem muita significação, sobre Jesus feita por Flávio Josefo, historiador judaico-romano. 

(AEM, 2012)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Esta é a luz possível hoje


Retrospectiva 2012


Vídeo com imagens de minhas atividades durante o ano de 2012. Este vídeo, que comecei em dezembro, mas abandonei posteriormente, somente agora tive disposição de terminar. Era para ser concluído nos primeiros dias do ano novo, mas como não deu, então, estou feliz por ter terminado antes da Páscoa.
Agradeço a todos os amigos que foram retratados, pois foram pessoas que certamente passaram em frente da lente em bons momentos: galera da SC, principalmente da SAAV, da Feira de Artesanato e E&I. Não vou citar todos porque é muita gente e provavelmente esqueceria algumas pessoas.
Quem quiser direitos de imagens pode cobrar, mas somente pagarei quando for fazer minha retrospectiva de 2112.

terça-feira, 26 de março de 2013

Amarelo Manga

Filme brasileiro
Ano: 2003
Direção: Cláudio Assis

Elenco:

Matheus Nachtergaele
Leona Cavalli
Dira Paes
Chico Diaz
Jonas Bloch
Taveira Júnior
Conceição Camarotti
Cosme Prezado Soares
Everaldo Pontes
Magdale Alves
Jones Melo
Milena de Queiroz Santos


Filme pernambucano de baixo orçamento com excelente elenco que foi vencedor de vários prêmios. O primeiro texto narrado pela personagem Lígia (Leona Cavalli) diz muito sobre a temática do filme e os dilemas vividos pelos personagens e certamente por todo mundo.


"Ás vezes eu fico imaginando de que forma as coisas acontecem. Primeiro vem um dia. Tudo acontece naquele dia. Até chegar a noite, que é a melhor parte. Mas logo depois vem o dia outra vez. E vai, e vai, vai... e é sem parar."

AMARELO MANGA

quinta-feira, 21 de março de 2013

Paranóia urbana




Três segundos apenas! Não vai dar tempo de atravessar. Vou ter de parar.
Droga! Vermelho.
Esperar sessenta segundos.
Este cruzamento é um tanto perigoso. Tem somente um cara para atravessar a rua; mais ninguém. Tranquilo...
Mas ...
... o cara não vai atravessar a rua?
55 segundos.
O cara estranho está parado olhado para outro lado, menos mal...
49 segundos.
O cara se virou para meu lado. Viu alguma coisa;
Parece não ter olhado diretamente meu carro.
46 segundos.
O cara começou a caminhar.
44 segundos.
Passa devagar paralelo ao carro.
41 segundos.
O cara está mais lento que os segundos no semáforo.
36 segundos.
Ela passa ao meu lado.
Sumiu de minha vista e eu o procuro pelo retrovisor.
32 segundos.
Ainda não o vejo.
Ele deve ter parado no “ponto cego”.
30 segundos.
Olho discretamente. Consigo vê-lo. Lá está ele parado novamente.
29 segundos.
De costas para mim. Olhando para alguma coisa, ou alguém. Provável olhar vago.
27 segundos.
Bom! Ele não olha para meu lado.
Há outros carros parados também.
25 segundos.
Ele está lá da mesma maneira. Olhando para outro lado.
23 segundos.
Ele pode estar armado.
22 segundos.
Faca, revólver, uma pedra para quebrar o vidro. Quantas coisas, entulhos, jogados ao chão que pode servir de arma...
Cidade imunda!
22 segundos.
Respirar.
21 segundos.
Olho mais uma vez pelo retrovisor.
Maldita cidade imunda.
20 segundos.
O cronômetro do semáforo nunca pareceu tão lento. Cada segundo parece minutos.
19 segundos.
Mais carros param atrás e do lado.
18 segundos.
Dez horas da manhã. Muitos carros. Mas há um cara estranho.
17 segundos.
Respirar, respirar, respirar.
14 segundos.
O cara voltou a caminhar lentamente.
11 segundos.
Já posso vê-lo pelo retrovisor.
8 segundos.
Dá a impressão que ele caminha rápido agora.
5 segundos.
Foi embora.
4, 3, 2, 1 ....

quarta-feira, 20 de março de 2013

Primeira vez a gente não esquece

Minha primeira gravura em metal (ponta seca) e meu primeiro retrato feito com carvão.

S/ Título - 2012
Ponta seca
(10 x 14 cm)

S/ Título - 2013
Desenho a carvão
(20 x 30 cm)