segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Capitalismo: a revolução que deu certo?


Há muitas pessoas que olham nosso mundo com desconfiança e ainda sonham em nosso tempo com tempos que não deram certo. Talvez alguns momentos que tenham sido frutíferos com suas teorias que apontavam para um mundo de glórias para toda sociedade justifique suas idéias e ideais. Mas será que para nosso tempo e mundo valeria tentar uma volta de velhos conceitos que falharam outrora?

Por minha vez, sem medo de olhar pela história cheguei a uma questão insólita: capitalismo: única revolução sócio-política que deu certo?
Porém nunca estudei esta revolução; nunca tive uma professorinha me falando sobre mártires capitalista, ou sobre monumentos ao capitalismo. Talvez Ford e sua indústria. Quem sabe uma velha locomotiva a vapor? Consumismo? De fato mesmo é que nunca tive uma aula sobre a revolução capitalista porque esta está acontecendo desde outra revolução mais conhecida e, esta sim muito bem estudada, a revolução industrial; ou talvez antes, não sei ao certo.
Mas outras revoluções aconteceram antes e depois da industrial e aparentemente em seus propósitos não foram tão bem sucedidas.

Veja o caso das mais influentes da história.
Revolução Francesa: traz como legado o fato de ter moldado o mundo ocidental com seus princípios: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Mas, embora tenha nascida do povo, inclusive tendo como marco a queda da Bastilha (prisão símbolo de repressão monárquica), que foi literalmente derrubada pelos populares que não deixaram pedra sobre pedra, não seguiu seus passos como deveria, ou seja, não foi tão popular assim, tornando-se de fato, com o transcorrer do tempo em uma das mais violentas e ditatórias da história, pois além de Luiz XVI e Maria Antonieta, milhares e milhares de franceses foram torturados e executados, entre estes estavam lideres da revolução, como o próprio Robespierre. A Liberdade, principalmente de expressão, foi definitivamente suprimida; a igualdade apareceu somente na possibilidade de ser o próximo a ir passear até a guilhotina e lá ter separado o corpo da cabeça; em um mundo caótico o que falar da fraternidade?

Um estado de caos que seguiu até o insuportável. A solução deste caos todo mundo conhece: um general corso. Ou seja, a revolução que sonhava com o fim da monarquia local transformou-se em um louco pesadelo de uma monarca que queria todo um continente; um rei que se autoproclamou.
Dizem que a revolução francesa nunca acabou. Sou um deste que pensa assim e como os iluministas ainda sonho com o tempo de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Quanto aos franceses de hoje nada posso falar sobre como anda sua liberdade e igualdade, mas quanto à fraternidade, creio que esta, a julgar pelo que testemunhei nas ruas de Paris, ainda está longe de dar as caras.
Outra revolução, a russa, esta mais decantada pelos estudantes, trabalhadores e políticos com uma pegada mais social, está mais caída ainda que a francesa. Assim como Robespierre e seus aliados, Lênin e os operários russos fizeram sua revolução, mas esta teve um fim bem mais melancólico que a francesa. E também, como a revolução francesa, foi extremamente violenta contra o próprio povo e também matou seus antigos reis; ainda, por mera coincidência, teve seu rei maluco.

Após a morte de Lênin, Stalin seguiu com o governo com a intenção de pôr ordem na casa. E conseguiu, pois, após ter vencido os alemães na segunda guerra, a União Soviética se tornou única potência a rivalizar com os Estados Unidos. Nasceu a guerra fria com corrida militar e espacial, mas a força soviética ao final dos anos oitenta deu sinal de colapso e enfartou de vez nos noventa. Antes potência, agora de chapéu na mão. Abandona de vez o comunismo e se lança à vida do século XXI. Como prêmio de consolação retorna à categoria de emergente ao lado de Brasil, China e Índia. Quase como um recomeçar depois de sepultar o comunismo.

Revolução industrial: foi o suporte de todas as mudanças que se seguiram após o século XIX. Nunca em toda história a humanidade viu uma evolução tão rápida. O ser humano voou, navegou sob os oceanos, curou doenças, descortinou o infinito, construiu armas superpoderosas, enfim, criou em menos de cem anos o mundo de hoje, que é totalmente diferente do antigo. Todas as nações ocidentais sejam como for a maneira como convivem em suas políticas a tem como fundamento. A revolução industrial seguiu em frente para se tornar em revolução tecnológica; a revolução de nossos dias. Em outras palavras uma revolução que cumpriu o que prometeu.

Revolução americana: esta é para fazer os comunas de plantão porem as barbas de molho, pois a outra revolução que se sustentou foi a americana. A primeira revolução popular a vencer o imperialismo europeu seguiu seu caminho embasado na democracia e liberdade, ao menos em teoria, para se tornar em menos de cento e cinquenta anos na maior potência do mundo; país mais rico e influente; tornar-se de colônia a colonizador. Apesar de todos os problemas que se avizinham ainda se mantém como líder mundial e ainda dando as cartas. Dá alguns sinais de cansaço, mas ainda parece longe de cair.
Outras revoluções ocorreram nestes últimos tempos com relativa importância. A chinesa é a mais digna de nota, pois esta nação milenar que viveu uma vida quase que inteira no campo vem agora para uma indústria poderosa que superou uma a uma as potências econômicas, ultrapassando todas até chegar onde está; ou seja, a segunda economia. Mas o que pesa contra o governo chinês é a forma de como conduz seu povo e país: repressão poderosa, escravidão, eugenia, pirataria e degradação ambiental são fatores fortes que anuncia colapso para breve.

De tudo o que se vê através da história fica um semblante de que o que deu certo mesmo foi o capitalismo e que os seguidores de Marx, tais como Lênin, Guevara e tantos outros valem mesmo como ótimos teóricos e idealistas, mas para o dia-a-dia o que vale mesmo é a liberdade de pensar, escolher, fazer e viver. Creio que Marx quando pensou a mais valia esqueceu do fator humano como fundamento; há com certeza um padrão em tudo, mas em essência somos diferenças. Sem contar que, para quem sonha com revoluções populares, parece que estas são as piores para o próprio povo, pois sempre traz em si muita violência e um maníaco de plantão; isto quem diz é a história.

(AEM, 2015)

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