Longe das humanas e opacas luzes, revela-se com mais nitidez
as Maravilhas do infinito. Um olhar experiente pode nomear os mais brilhantes
pontos que a noite oferece: Capela, Sírio, Canopo, Alfa de Centauro, Vésper
(Vênus); as constelações que determinam os destinos para os que não o fazem por
si mesmo: Touro, Virgem, Capricórnio, etc.
O infinito que chama um mísero exilado; infinito que parece
clamar pelo filho deserdado da velha e reconstruída morada, então transfigurada
em renovada e feliz, e na qual, tal como adolescente ingrato, ao Pai se faz
indigno pelo vício nefando da alma, e é enviado ao degredo para novas paragens,
onde terá de construir uma nova terra.
E nesse degredo, quando abatido por angústias que assaz
oprimem o peito e enegrece a mente a alma busca nos horizontes aquela nave que,
vencendo o espaço à luz, virá ao resgate e daí levar de retorno ao
Paraíso perdido em algum lugar no Vasto Éter, em um tempo que foge à lembrança.
Brilha noite! Luzeiro eterno a indicar os caminhos, a
torturar um coração
preso ao pó do próprio destino e incúria.
Infinito que parece me ouvir e responder:
- Anjo decaído, aceita o destino e a oportunidade em
adquirir valores e
construir
em si as “asas de Emmanuel”; e então voar rumo ao Lar da qual
fora banido.
Mas, ... não! Não é somente para isto que para cá foste
enviado: O Sr. dos Tempos, para estas paragens o enviou, não apenas para
construir tuas asas mas, também para ajudar, da maneira que for possível, a alar teu Orbe: tua nova terra.
Regozija-te,
e então, acalme-se e não deseje a fuga, por vezes em desespero, talhando asas
como Dédalo e Ícaro. Não! Não espere mais uma nave surgida dos confins para um
imerecido resgate. Espere tão somente não ser posto à esquerda do Mestre no dia
da redenção dos justos da tua nova Terra.
(AEM, 2003 - 2005)
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