quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Exilado de Capela

Longe das humanas e opacas luzes, revela-se com mais nitidez as Maravilhas do infinito. Um olhar experiente pode nomear os mais brilhantes pontos que a noite oferece: Capela, Sírio, Canopo, Alfa de Centauro, Vésper (Vênus); as constelações que determinam os destinos para os que não o fazem por si mesmo: Touro, Virgem, Capricórnio, etc.

O infinito que chama um mísero exilado; infinito que parece clamar pelo filho deserdado da velha e reconstruída morada, então transfigurada em renovada e feliz, e na qual, tal como adolescente ingrato, ao Pai se faz indigno pelo vício nefando da alma, e é enviado ao degredo para novas paragens, onde terá de construir uma nova terra.

E nesse degredo, quando abatido por angústias que assaz oprimem o peito e enegrece a mente a alma busca nos horizontes aquela nave que, vencendo o espaço à luz, virá ao resgate e daí levar de retorno ao Paraíso perdido em algum lugar no Vasto Éter, em um tempo que foge à lembrança.

Brilha noite! Luzeiro eterno a indicar os caminhos, a torturar um coração preso ao pó do próprio destino e incúria.

Infinito que parece me ouvir e responder:
- Anjo decaído, aceita o destino e a oportunidade em adquirir valores e construir em si as “asas de Emmanuel”; e então voar rumo ao Lar da qual fora banido.
Mas, ... não! Não é somente para isto que para cá foste enviado: O Sr. dos Tempos, para estas paragens o enviou, não apenas para construir tuas asas mas, também para ajudar, da maneira que for possível, a alar teu Orbe: tua nova terra.

Regozija-te, e então, acalme-se e não deseje a fuga, por vezes em desespero, talhando asas como Dédalo e Ícaro. Não! Não espere mais uma nave surgida dos confins para um imerecido resgate. Espere tão somente não ser posto à esquerda do Mestre no dia da redenção dos justos da tua nova Terra.

(AEM, 2003 - 2005)

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