segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O PORQUÊ DO PERDOAR


O que passou pelas mentes dos espectadores quando o Cristo disse: “amai os vossos inimigos”?
 Sabendo-se que ainda hoje este conceito não é facilmente compreendido, pode-se ter uma idéia superficial do pensamento de uma sociedade bem mais embrutecida que a nossa, quanto àquela afirmação.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec nos mostra os sentidos deste ensino, pois amar alguém que nos odeia da mesma maneira que amamos quem nos retribui em sentimentos, está até um certo ponto, desprovido de lógica. De fato a coerência não está em amar, e sim em não odiar, não desejar revides, não fomentar divergências e buscar compreender.

Considerando nosso estágio evolutivo, agir desta forma é já estar amando. Afinal não se pode querer amar alguém que nos quer o mal, da mesma forma que Jesus nos amou. A menos que já se tenha atingindo um grau moral de um São Francisco, Irmã Dulce, Chico Xavier, Ghandi, etc. Muitos Espíritos que vivem entre nós já estão neste nível, mas para a grande maioria resta a expectativa do futuro. No entanto, enquanto não chega o dia de nossa purificação, tentemos ao menos compreender.

O Mestre que disse para nos amarmos sem restrições, o disse não por simplesmente ser o correto a fazer, mas também por conhecer a condição das existências sucessivas do Espírito, que principalmente, quando infante na moral, ser um criminoso em potencial, sempre carecendo de perdão. E ainda por conhecer os segredos da humanidade.

Um destes segredos - que atualmente não é mais tão segredo assim - é a força latente dentro de nós, embora ainda não saibamos como utilizar tal energia. Falamos muito de fé, mas ainda não conseguimos sobrepô-la sobre nossas fraquezas.

Hoje é bem conhecido - principalmente pelos estudos de doutrinas psicológicas - a importância do controle mental; em qualquer obra sobre auto-ajuda fica bem explícito que nossa vida é ditada de acordo com nossos planos e nossa capacidade de criar.

É bem verdade que seremos no futuro o que pensamos e fazemos hoje, assim como somos hoje o que pensamos e fizemos ontem. Sob estas condições fica difícil crer que alguém tenha criado em sã consciência uma vida atribulada e infeliz. Então, como há tantos infelizes hoje, tendo estes crido em flores e frutos? Não se pode conceber alguém desejando para si mesmo, sofrimentos e atritos.

A ignorância é a resposta para as questões que se possa fazer no que se refere ao citado. Sonhos. Programações. As alternativas são estudadas em certos casos, até com minúcias; mas a vida vez por outra vem e dá o contra.

Ocorre que qualquer plano vai por terra, quando não é concordante com a Lei Maior. Todo pensamento ou atitude volta como reflexo para os autores; é a Lei. A Lei que não tarda e jamais falha. Vem sempre no momento certo e com precisão para que se cumpra.

A Lei que não há como fugir das penas que são impostas.
Nossos males ou os bálsamos de alivio e de felicidade que nos atingem é apenas a Lei que está agindo. É a causa e efeito; nas palavras dos orientais: é o Karma; ou como Jesus disse: a cada um segundo as próprias obras.

Neste nosso mundo, ainda de expiação, apenas um justo sofreu inocentemente, e este ainda pediu ao Pai que perdoasse seus algozes. Portanto, sabedores que tudo que nos afligi, é um efeito de que nós mesmos somos a causa, é mister que perdoemos nossos verdugos, nossos inimigos, nossos opositores e todos que não nos são afetos. Enfim estes são apenas criação de nossas mentes imperfeitas; de nossas mesquinharias; de nossas falhas morais. Principalmente se se considerar que quando personificado em um semelhante é fácil fechar os olhos e maldize-los pelas nossas desventuras. Mas, e quando as tribulações vêm em nós mesmos ou em alguém que nos é caro, através de chagas no corpo material? Ou quando enfrentamos as tragédias impostas pelas tormentas dos elementos? Odiamos quem? A natureza? Deus?

Por mais absurdo que possa parecer há quem responda afirmativamente a estas questões. O que dizer sobre isto, sendo o orgulho humano um dos nossos piores inimigos?

Creio que o bom senso diz que perdoando nossos inimigos, estaremos nos perdoando.
Será que não é o caso de até mesmo amarmos nossos inimigos, uma vez que estes estão apenas sendo os executores da Perfeita Justiça e nos dando a oportunidade de redenção?

Penso que esta é uma das razões do Cristo, quando nos deixou tão incompreensível lição.

(AEM, 2005)

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