O que passou pelas mentes
dos espectadores quando o Cristo disse: “amai os vossos inimigos”?
Sabendo-se que ainda hoje este conceito não é facilmente
compreendido, pode-se ter uma idéia superficial do pensamento de uma sociedade
bem mais embrutecida que a nossa, quanto àquela afirmação.
No Evangelho Segundo o
Espiritismo, Kardec nos mostra os sentidos deste ensino, pois amar alguém que
nos odeia da mesma maneira que amamos quem nos retribui em sentimentos, está
até um certo ponto, desprovido de lógica. De fato a coerência não está em amar,
e sim em não odiar, não desejar revides, não fomentar divergências e buscar
compreender.
Considerando nosso estágio evolutivo, agir desta
forma é já estar amando. Afinal não se pode querer amar alguém que nos quer o
mal, da mesma forma que Jesus nos amou. A menos que já se tenha atingindo um
grau moral de um São Francisco, Irmã Dulce, Chico Xavier, Ghandi, etc. Muitos
Espíritos que vivem entre nós já estão neste nível, mas para a grande maioria
resta a expectativa do futuro. No entanto, enquanto não chega o dia de nossa
purificação, tentemos ao menos compreender.
O Mestre que disse para nos
amarmos sem restrições, o disse não por simplesmente ser o correto a fazer, mas
também por conhecer a condição das existências sucessivas do Espírito, que
principalmente, quando infante na moral, ser um criminoso em potencial, sempre
carecendo de perdão. E ainda por conhecer os segredos da humanidade.
Um destes segredos - que
atualmente não é mais tão segredo assim - é a força latente dentro de nós,
embora ainda não saibamos como utilizar tal energia. Falamos muito de fé, mas
ainda não conseguimos sobrepô-la sobre nossas fraquezas.
Hoje é bem conhecido -
principalmente pelos estudos de doutrinas psicológicas - a importância do
controle mental; em qualquer obra sobre auto-ajuda fica bem explícito que nossa
vida é ditada de acordo com nossos planos e nossa capacidade de criar.
É bem verdade que seremos no
futuro o que pensamos e fazemos hoje, assim como somos hoje o que pensamos e
fizemos ontem. Sob estas condições fica difícil crer que alguém tenha criado em
sã consciência uma vida atribulada e infeliz. Então, como há tantos infelizes
hoje, tendo estes crido em flores e frutos? Não se pode conceber alguém
desejando para si mesmo, sofrimentos e atritos.
A ignorância é a resposta
para as questões que se possa fazer no que se refere ao citado. Sonhos.
Programações. As alternativas são estudadas em certos casos, até com minúcias;
mas a vida vez por outra vem e dá o contra.
Ocorre que qualquer plano
vai por terra, quando não é concordante com a Lei Maior. Todo pensamento ou
atitude volta como reflexo para os autores; é a Lei. A Lei que não tarda e
jamais falha. Vem sempre no momento certo e com precisão para que se cumpra.
A Lei que não há como fugir
das penas que são impostas.
Nossos males ou os bálsamos
de alivio e de felicidade que nos atingem é apenas a Lei que está agindo. É a
causa e efeito; nas palavras dos orientais: é o Karma; ou como Jesus disse: a
cada um segundo as próprias obras.
Neste nosso mundo, ainda de
expiação, apenas um justo sofreu inocentemente, e este ainda pediu ao Pai que
perdoasse seus algozes. Portanto, sabedores que tudo que nos afligi, é um
efeito de que nós mesmos somos a causa, é mister que perdoemos nossos verdugos,
nossos inimigos, nossos opositores e todos que não nos são afetos. Enfim estes
são apenas criação de nossas mentes imperfeitas; de nossas mesquinharias; de
nossas falhas morais. Principalmente se se considerar que quando personificado
em um semelhante é fácil fechar os olhos e maldize-los pelas nossas
desventuras. Mas, e quando as tribulações vêm em nós mesmos ou em alguém que
nos é caro, através de chagas no corpo material? Ou quando enfrentamos as
tragédias impostas pelas tormentas dos elementos? Odiamos quem? A natureza?
Deus?
Por mais absurdo que possa parecer há quem responda
afirmativamente a estas questões. O que dizer sobre isto, sendo o orgulho
humano um dos nossos piores inimigos?
Creio que o bom senso diz
que perdoando nossos inimigos, estaremos nos perdoando.
Será que não é o caso de até mesmo amarmos nossos
inimigos, uma vez que estes estão apenas sendo os executores da Perfeita
Justiça e nos dando a oportunidade de redenção?
Penso que esta é uma das
razões do Cristo, quando nos deixou tão incompreensível lição.
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